Semana cheia de brigas entre correligionários de um mesmo partido, de traições (PSL deixou Witzel com a escada e a broxa na mão lá no Rio. Brochante isso, né governador? Não adiantou nada fazer arminha com a mão durante a campanha), de alta hospitalar do presidente no momento em que cagou e andou (de novo) e de muita polêmica em torno da votação das mudanças eleitorais que envolvem o Fundo Partidário.
Eu escolhi esse tema pra comentar, mas daí pensei: eu não sou expert no assunto. Vou falar o quê? Mas daí pensei mais um pouco e decidi que não precisa ser expert pra constatar que os deputados deram uma enfeitada no bode que veio lá do Senado e deixaram ele com cara de “oba! Tá pra nós “.
Só pra clarear, esse tal Fundo Partidário é dinheiro do contribuinte (o governo não gera renda, portanto esse dinheiro é nosso, sim senhor) que fica à disposição dos candidatos e destinado, entre outras coisas, para pagar multas, juros, débitos eleitorais, aluguel ou compra de bens móveis e imóveis, a reforma deles quando necessária, e até pra bancar os MAVs da internet. Sabem? São aqueles robozinhos que atacam nas redes sociais com porradas de informações (só boas) dos candidatos de um partido.
Não é preciso ser expert pra enxergar o absurdo de se aprovar uma lei que serve até pra pagar os advogados dos candidatos eleitos ou não que tenham mijado fora do penico durante o processo eleitoral. E pior, sem limite de gastos, para que eles não sejam prejudicados com uma defesinha qualquer. (Ora! Que se lasquem. Quantos brasileiros que precisam não têm sequer um advogado pra pegar pelo rabo, quanto mais um de primeira linha?)
Há quem diga que isso vai gerar caixa dois. O partido contrata um advogado por 200, 300 mil, paga 50 pra ele e embolsa o resto. Tem sentido.
Não preciso ser uma expert pra saber que as mudanças aprovadas pelos deputados, claro, puxam não só a sardinha, mas um cardume inteiro pro lado deles. (É bom lembrar que tudo depende da sanção do presidente pra que virem lei. Oremos!)
Também não preciso ser uma expert no assunto pra concluir que uma proposta orçamentária de bilhões – isso mesmo, bilhões de reais – para campanhas eleitorais de 2020 é uma grana preta que taparia muitos buracos da União, como o da Educação ou o da Saúde.
Mas enfim! Parece que é um mal necessário. Sem o fundo partidário não iríamos eleger políticos que vão lutar por uma Educação melhor ou uma Saúde melhor. (Ia colocar aqui um emoji, mas não consegui escolher entre a carinha rindo esculachadamente ou a carinha triste).
Um dia ouvi uma frase que me marcou e que serve bem para o meu dia a dia: “Quando você acorda de manhã, em algum outro lugar tem um otário acordando junto”.
Pois é! Todos os dias tenho a sensação de que eu sou a pessoa que está acordando em algum outro lugar!
Esta crônica foi originalmente publicada no Blog do Noblat, na Veja, em 20/9/2019,