Pode Vir Quente Que Estou Fervendo!

“Se você quer brigar e acha que com isso estou sofrendo…”.

Esta semana, Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron resolveram pôr em prática a letra da música do Erasmo Carlos e pedradas foram atiradas sem dó nem piedade por ambos os lados, e, pior, sem a preocupação de que esse comportamento não combina com o de chefes de Estado.

“O presidente brasileiro mentiu quando disse que ia cumprir o Acordo de Paris”, disse Macron, e Bolsonaro ficou puto.

(Cá entre nós, o francês não estava errado, já que até aquele momento absolutamente nada tinha sido feito no combate, e menos ainda na prevenção, ao fogo que consumia a Amazônia – medidas só foram tomadas depois que o caso pegou fogo lá fora. Macron ainda justificou o interesse pelos cuidados com o nosso meio ambiente, entre outras coisas, porque sua Guiana tá bem grudadinha aqui no Brasil.)

O presidente francês me ofendeu, disse Bolsonaro.

(Cá entre nós, ofensa por ofensa, o que dizer do seu Jair rindo no Twitter da mulher do Macron? Um seguidor fez piada de mau gosto publicando as fotos das duas primeiras damas, dando a entender que a nossa era muito mais bonita que a outra, além de mais nova.)

Jair Bolsonaro, para provar que “quem manda aqui sou eu”, já tinha mostrado que não estava interessado na ajuda financeira que vinha de fora, quando mandou a Angela Merkel enfiar o dinheiro na sua floresta negra (será que não é loira?). Depois se desentendeu com o Emmanuel e quase mandou enfiar a ajuda oferecida no seu “pescoço” em francês.

Sobre as duas mulheres, pegou mal aquela risada no comentário “não humilha, cara! Kkkkkkk”. Ele talvez não saiba que qualquer menção pejorativa sobre aspectos ou defeitos físicos de uma pessoa são antiéticos até mesmo para um mortal comum. Sendo presidente, então, a coisa piora e lá vem o troco! E o que se viu nas redes sociais foi uma onda de apoio a Brigitte Macron, além de uma massacrante exposição dos podres da família de Michelle Bolsonaro, recém descobertos: a avó já foi presa por tráfico de drogas, um tio preso por roubo, outro por estupro e ainda tem mais um que está envolvido com as milícias.

As baixarias desgastam as imagens dessas figuras públicas, e os jornais lá de fora nadam de braçada. Por sorte Jair Bolsonaro tem um presidente de elevadíssimo nível (😆) que o apóia. Donald Trump tá com ele e não abre.

O assunto que pegou o segundo lugar na semana veio lá do STF. Os juízes do Supremo, com o papo de que o delatado tem de ser ouvido por último, começaram a escancarar a porteira construída pela Lava Jato. O ex-presidente da Petrobras, Aldemir Bendini, condenado a 11 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, recebeu as bênçãos da anulação do processo das mãos da “Turma de Segunda” do STF. Agora é só esperar pelos pedidos de outros condenados que estão na fila sonhando com um afago das mãos santas do Supremo. Lula entre eles!

E tem mais um assuntinho, mas vou ser rápida pro texto não ficar muito longo: o ex-goleiro Bruno, assassino de Eliza Samudio, arranjou um emprego para preencher as horas vagas que tem no presídio. Furou a fila de 13 milhões de desempregados e conseguiu um cargo de auxiliar de bombeiros na cidade de Varginha (MG), onde está preso.

Como se vê, tanto Bendini quanto Bruno estão aí pra provar que o crime compensa, sim, senhor!

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 30/8/2019. 

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