O Estadão deste sábado, 18, abriu uma arte em seis colunas na primeira página sobre o Elevado João Goulart, ex-Elevado Costa e Silva, o Minhocão. A reportagem é sobre a tentativa de se produzir um fenômeno que vem sendo tentado ao longo dos anos. Transformar o elevado em uma aprazível passarela de lazer.
A proposta, desta vez, se resume a 900 dos 3.400 metros do bicho. E os outros 2.500? Bem, 900 já seriam uma dádiva. A Prefeitura abriu consulta pública em busca da melhor (ou mais viável) solução. Esse filme já passou antes. Mas o Estadão fez seu papel. Foi às ruas e escritórios ouvir pessoal da área, como arquitetos e urbanistas, e da lida, como moradores.
Há várias sugestões em torno da mesma proposta de se criar um parque. Em 2014, em movimento puxado pela Câmara Municipal e artistas plásticos, também delegou-se à população a decisão.
Naqueles dias, com uma pauta a respeito, resolvi tentar achar o pai da criança (ou parteiro, porque o pai é Paulo Maluf). E achei. Foi o arquiteto Rodolpho Stroeter quem chefiou as obras de construção do elevado, inaugurado em 1971.
Pingue-pongue:
– O que o senhor acha que pode ser feito hoje?
– O Minhocão deve ser demolido.
– Não há alternativa?
– Fazer um parque seria uma grande besteira. Pode dar lazer para algumas pessoas, mas não resolve o problema urbano, aquela coisa horrorosa da Avenida São João.
– Na época da construção não se previu isso?
– Já se sabia que haveria deterioração, devido à largura do elevado com relação à da avenida. Todos os imóveis laterais seriam prejudicados.
– Mesmo assim foi feito…
– Nós pensamos, se não fizermos algum outro vai fazer. Vamos fazer o melhor que pudermos para tentar transformar essa porcaria em algo não tão ruim.
Marta Suplicy, prefeita, estudou a demolição. Gilberto Kassab chegou a anunciá-la. Disse que uma ferrovia desativada, existente entre a Lapa e o Brás, viraria pista e escoaria o trânsito do Minhocão. José Serra promoveu um concurso, chegou-se a um ganhador, com projeto que acoplava uma estrutura metálica em cima das pistas (carros em baixo, lazer em cima). Fernando Haddad previu desativar o elevado aos poucos, até ser possível usar como parque. Se não isso, a demolição.
Bruno Covas pensa em os carros andarem por baixo do Minhocão, naqueles primeiros 900 metros. O que virá em cima espera resultar de consulta pública. As obras devem começar em novembro. A conferir…
18/5/2019
Trilogia Minhocão, Parte 2 – O menos ruim é não fazer nada com o Minhocão.
Trilogia Minhocão, Parte 3 – Parque, o Minhocão já é. Quando tiver dinheiro, é derrubar.
2 Comentários para “Nem o construtor suporta o Minhocão”