Desrespeito

Foi maravilhosa a manifestação pelo país todo contra o tal de contingenciamento na verba destinada à Educação.

Quanta gente nas ruas de mais de 200 cidades. E pessoas, via-se claramente, inteiramente focadas em reclamar e exigir que o governo leve muito a sério seu problema mais urgente: a Educação.

Não podemos continuar a desprezar os gravíssimos problemas das gerações que se sucedem ignorando o básico. Não podemos levar a sério ministros da Educação que não conseguem compreender que aprender a pensar e a raciocinar é tão importante quanto saber ler, escrever e contar.

Educar é abrir uma janela para a criança aprender a ver o mundo e assim poder escolher o caminho que seguirá mais tarde. Como disse Margaret Mead, a grande antropóloga americana, é preciso ensinar às crianças como pensar e não sobre o que pensar.

O grande segredo é conseguir que a criança ame aprender. Desse modo, ela não se cansará de estudar e logo verá que a vida é uma jornada e não apenas um destino.

Todos os que passamos por boas escolas recebemos educação em dose dupla: a que nos foi dada por nossos mestres e, a mais importante de todas, a que bem preparados buscamos nós mesmos pelo resto de nossas vidas. Eis por que boas escolas são fundamentais, imprescindíveis num país que se quer uma Nação.

Ler, interpretar um texto, saber as quatro operações são a mola propulsora que abrirá a janela para o mundo; a Filosofia, que o capitão não quer ver em nossos currículos escolares, eis a ferramenta que nos ensinará a pensar.

Ontem, durante a manifestação dos estudantes e dos professores senti uma imensa alegria. Nem mesmo o comentário desrespeitoso, ácido e mesquinho, do capitão Bolsonaro abalou minha alegria. “Idiotas úteis”, imbecis”, “massa de manobra”, ele que diga o que quiser: era do povo brasileiro que estava nas ruas que falava e se ele não nos compreendeu, a ponto de nos desrespeitar de modo tão acintoso, sugiro que peça logo seu boné.

E que leve consigo a arma que dorme em sua mesa de cabeceira desde a posse. Por favor.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, na Veja, em 17/5/2019. 

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