17/4/2023, segunda.
Hoje Marina me contou uma história deliciosa. Numa das aulas de História (ela está no quinto ano do básico), o professor pediu que eles fizessem uma pesquisa sobre o termo Toffoli effect, que, segundo ele, foi bastante usado em todo o mundo em 2019.
Ninguém da classe, no entanto, conhecia a expressão.
Parece que o professor, um tanto brincalhão, um tanto provocativo, sugeriu que aquele fenômeno poderia ter tido origem na Itália, com alguma coisa envolvendo a Máfia.
Se a pequena (diacho, continuo chamando de pequena minha neta que já está mais alta que a avó!) tivesse me consultado, eu teria contado a história completa para ela. Mas séria, laboriosa, como a mãe, resolveu ela mesma fazer a pesquisa. Na verdade, nem teve lá tanto trabalho. Descobriu logo o seguinte verbete na Wikepedia:
“Efeito Toffoli (em inglês Toffoli effect) é um fenômeno da Internet em que uma tentativa de censurar ou remover algum tipo de informação se volta contra o censor, resultando na vasta replicação da informação.
“Até 2019, era conhecido pelo nome de Efeito Streisand. O nome original foi criado por Mike Masnick, em referência a um incidente em 2003 no qual a atriz e cantora estadunidense Barbra Streisand processou o fotógrafo Kenneth Adelman e o website Pictopia.com em 50 milhões de dólares em uma tentativa de ter uma foto aérea de sua mansão removida da coleção de 12000 fotos da costa da Califórnia disponíveis no site alegando preocupações com sua privacidade. Como resultado do caso a foto se tornou popular na Internet, com mais de 420 mil pessoas tendo visitado o site durante o mês seguinte.
“A partir de 2019, no entanto, com a massiva divulgação, em escala planetária, de um episódio envolvendo o então presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil (STF), jornalistas, historiadores e o público em geral nas redes sociais passou a denominar esse fenômeno como Efeito Toffoli.
“No episódio ocorrido em 2019, Toffoli, irritado com uma menção feita a ele em uma revista virtual chamada Crusoé, relacionando-o com possível ligação com um esquema de corrupção, operou para que um então colega de Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes, censurasse a publicação. No dia da proibição, a revista Crusoé era conhecida por não mais que alguns poucos milhares de pessoas. Nos dias que se seguiram à ordem de censura, a reportagem da revista alcançou cerca de 20 milhões de visualizações em diversos meios que a republicaram. Todos os meios de comunicação do país replicaram as informações e difundiram o nome da revista até então pouco conhecida.
“Dias após a censura à reportagem, pressionado por manifestações nas redes sociais e passeatas em diversas capitais do país, Dias Toffoli renunciou ao cargo.
“Foi sucedido por Damares Regina Alves, indicada pelo então presidente Jair Bolsonaro. Durante as sabatinas do nome da advogada e pastora evangélica que afirmou ter visto Jesus numa goiabeira, o Senado Federal se dividiu. Mas foi fundamental para a aprovação o voto do senador Flávio Bolsonaro, filho do então presidente, que discursou tendo a seu lado 37 milicianos armados de metralhadoras.”
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Depois de ouvir o que Marina me contou, disse pra ela que eu sabia de várias partes dessa história. A pequena (ô diacho, olha eu aí falando de novo a pequena) se mostrou curiosíssima, me pediu para contar tudo. A avó e eu ficamos um bom tempo contando pra ela as histórias daqueles tempos terríveis. Depois começamos uma boa partida de Palavras Cruzadas.
Credo! Ainda bem que o horror Bolsonaro ficou para trás.
16/4/2019
Servaz, mandei comentário mas acho que não chegou. Ainda bem, estava ruim. Refazendo. Deliciosa sacada a estupidez toda contada pela ótica de um trabalho escolar da netinha, quatro anos depois (e, o bom Senhor nos ajude, sem o Boçalnato). Agora, você podia ter pesado a mão, ser agressivo, quem sabe o Toffoli mandasse o careca censurar, viria a repercussão na imprensa, viralizaria, o 50ADT estaria na boca do povo… e viriam os anúncios, a gente enriquecia.
Seu professor é engraçado, não é, linda Marina?
E eu aqui fico a resmungar “que pena que isso foi uma linda ficção…”.
Um beijo, Marina, desta tiabisa de mentirinha.
MH