“Bolsonaro atira e mata”

A manchete do Estadão de domingo, 30 de dezembro, começava no meio da página, exatamente acima da dobra: “Para Temer, Bolsonaro não”. Desdobrando o jornal surgia a segunda linha: “deve desprezar Congresso”. Resolvi fazer uma gaiatice. Introduzi um ponto final na primeira linha. Ficou: “Para Temer, Bolsonaro não.”  

Mais tarde meu filho Paulo bateu os olhos na manchete e se surpreendeu. Como Temer, que havia sido cooperativo com Bolsonaro, dizia isso?

– Desdobre o jornal – sugeri.

Achou a segunda linha do título, e entendeu o significado completo.

Imaginei, então, como um mancheteiro atrevido poderia jogar com a dobra da página para vender mais jornal.

Jornal dobrado, primeira linha do título:

  1. Bolsonaro atira e mata
  2. Lula tenta fuga
  3. Ciro usa linguagem de sinais
  4. Dilma acerta uma.
  5. Damares vê e pira.
  6. Chanceler Araújo elogia Cuba
  7. Paulo Guedes se aposenta

Jornal desdobrado, segunda linha completando o título:

  1. o tempo no estande do clube
  2. da realidade com esoterismo
  3. para ofender desafetos (Cada sinal…)
  4. Bingo! Exclama agitando a cartela
  5. Garota e rapaz abraçados. Ela de azul, ele de rosa
  6. Libre, e barman exulta
  7. da vida acadêmica

Janeiro de 2019

 

Um comentário para ““Bolsonaro atira e mata””

  1. Saí anteontem de camisa rosa, só para provocar a Damares. Fui comer um crepe de rúcula e tomate seco, acompanhado de suco de laranja, na 113 Norte de Brasília.
    Deus castiga: derramei o copo cheio na minha camisa rosa. Todo mundo ficou rindo nas mesas ao lado, sem demonstrar um pingo de solidariedade. Provavelmente até Jesus se divertiu com a cena, vendo tudo lá do alto da goiabeira.

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