Vou-me embora pra Pasárgada

Horror, diz Sérgio Vaz, em seu artigo diário sobre o horror. Já este seu amigo vaticina, lançando mão de manjado dito, que não adianta mais nos horrorizarmos: a vaca foi mesmo pro brejo.

Algum distraído que pegasse a Folha de hoje, 19, poderia ter a medida da situação.

Primeira página, manchete: “Bolsonaro nega controlar uso ilegal de redes sociais”. Nas páginas 2 e 3, editoriais, artigos, cartas de leitor. Na 4, volta o noticiário. Título no alto: “Bolsonaro nega…”, sobre a matéria chamada na manchete. Na 5, anúncio.

Na 6, dois artigos. No alto: “Bolsonaro tem que aprender a ser poder”. Embaixo: “Quem vai, então, parar Bolsonaro?”. Página 7, anúncio.

Página 8, titulão no alto: “Candidato pode ser punido se foi beneficiado (…). De quem se está falando? Bolsonaro.

Página 9, no alto, título de três linhas, para texto em duas colunas. “Empresa nega mensagens contra o PT”. Texto: “Contratada por Jair Bolsonaro para a criação de site de campanhas (…)” a AM4 nega envolvimento com as mensagens…

Página 10, título no alto: Bolsonaro tem 59% e mantém frente sobre Haddad, com 41%. (Na 11, resultados das pesquisas sobre Dória e França, e em outros Estados.)

Página 12, titulão de duas linhas no alto. “Presidente do PSL diz que Bolsonaro não irá a nenhum debate no 2º turno.”

Na página 13 ACM Neto fala sobre a derrota de Alckmin, na 14 está o debate entre Dória e França – e terminam as páginas de política.

Bolsonaro está na manchete e em outros quatro títulos de destaque. É verdade que a Folha furou todo mundo com a história da compra, por empresas, de pacotes de mensagens contra o PT, e agora está deitando e rolando.

No Estadão o ex-capitão também foi manchete, embora com outro tema. “Equipe de Bolsonaro propõe tirar encargos de folha de pagamento.” Para o bem ou para o mal, manchete é manchete.

Da minha parte, entre Bolsonaro e Lula, hoje Haddad, acho que vou fazer como diz Ruy Castro: vou me embora para Pasárgada, lá o Manuel Bandeira foi amigo do rei.

  Outubro de 2018

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