Um sofá é um sofá é um sofá

Gênero do artigo: besteirol.

A rosa é uma rosa é uma rosa, disse Gertrude Stein. Pois digo eu: o sofá é um sofá é um sofá. Nada em comum entre aquilo que se leva ao nariz, e o outro em que se assenta a nádega, embora a poeta tenha posado para Picasso em uma poltrona, o que não tem nada a ver, pois uma poltrona é uma poltrona e… um sofá é um sofá.

Portanto, quando se falou aqui em casa em trocar o sofá, por estar pior do que a poltrona em que Mrs. Stein posou (quebrada, segundo a Wikipédia), tomei uma decisão. Construirei o meu próprio sofá. Afinal, meu hobby sempre foi marcenaria doméstica.

“Ai, meu Pai”, gemeu minha cunhada, quando anunciei o intento. Minha filha não emitiu som. Apenas arregalou os olhos e as maçãs do rosto avermelharam, como se antevisse uma tragédia.

O problema, se assim pode ser dito, é que tenho gosto pelo rústico. E rústico é simplicidade. Quatro caibros para pés, uma tábua transversal de encosto, duas como assento. Travas e parafusos unem e suportam a estrutura. Perfeito!

As duas, cunhada e filha, não quiseram saber de conceitos. Pelo jeito delas, percebi que o meu sofá só serviria para quem tenha se servido de doutores Bumbuns e doutoras Bumbundas profissionais, de modo que já trariam consigo o enchimento que faltou ao móvel.

Ou então, que viessem matronas de ancas fartas, as quais poderiam deixar o corpo cair à vontade, que a resistência da peça eu garanto.

Mas não houve jeito; entreguei os pontos. Amanhã vamos a uma loja comprar um sofá com assento de molas e acabamento “elegante”, que é um sofá é um sofá e dura até que sobrinhos crescidos vierem pular em cima dele.

Dou meu escrito por encerrado. Se o leitor espera que eu me desculpe por aquela passagem dos bumbuns, que espere sentado. Só tome cuidado em quê.

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