Pobre, pobre, pobre Temer!

Pobre, pobre, pobre Michel Miguel Elias Temer Lulia! Tadinho dele, meu Deus do céu e também da terra. As ninfas, as fadas, as musas, as deusas não o agraciaram com a sorte.

Quando o Criador distribuiu carisma, Michel Temer estava longe, não foi avisado a tempo, acabou ficando sem.

Carisma é muito bom, é uma maravilha, mas pior ainda é a privação de sorte. Em especial para alguém que seguiria a carreira política.

De Luiz Inácio da Silva – que o fado quis aquinhoar com doses maciças tanto de carisma quanto de sorte, embora de nenhum caráter, é verdade – já se disse muitas vezes que é teflon: como acontece às panelas de teflon em relação à gordura, o que é ruim não gruda nele.

De Michel Temer já se disse que é o teflon ao contrário: o que é de bom não gruda nada. Só gruda o que é ruim – e aí ele rapidinho atinge inimagináveis 97%, 100%, 110% de rejeição a cada nova pesquisa do Datafolha, aquele instituto que conta de maneira diferente o número de pessoas que se manifesta na Avenida Paulista de acordo com a cor das camisas – se são vermelhas, são muitas; se são verde e amarelas, ah são bem menos.

Míriam Leitão, indiscutivelmente uma das melhores jornalistas do país, escreveu com precisão cirúrgica em 21 de novembro passado em O Globo:

“O presidente Temer é um caso de estudo. Ele é o único governante brasileiro que não tem aumento de popularidade quando a inflação está em queda. Desde o início da era do Real há uma correlação entre inflação e aprovação presidencial, quando ela sobe a rejeição aumenta, e quando desce a imagem do governo melhora. Temer tem uma espécie de fator teflon ao contrário, o que é bom não gruda nele.”

Michel Temer assumiu a Presidência da República, ainda de forma interina, em 12 de maio de 2016 – um ano e oito meses atrás, apenas. Em um ano e oito meses, seu governo tirou o Brasil da maior recessão da História. O governo Michel Temer inverteu o curso que vinha sendo dado à condução da política econômica pelo desgoverno Dilma Rousseff. Deu um cavalo de pau. Fez uma curva em U. Mudou em 180 graus o curso do transatlântico. E deu certo: em apenas um ano e oito meses, o país saiu da recessão. O desemprego parou de crescer e começou a dar mostras de melhora. A inflação caiu do patamar de dois dígitos para o menor índice anual das últimas muitas décadas – pela primeira vez, desde que a política de metas de inflação foi adotada, no governo Fernando Henrique Cardoso, a inflação oficial, medida pelo IPCA do IBGE, ficou abaixo do piso da meta. Os juros foram derrubados pela metade – e não a laço, a muque, como a insana ex-presidente mandou fazer, o que resultou em nada além de maior e maior inflação e maior e maior queda da atividade econômica.

Mas o apoio a Michel Temer beira zero por cento. Beira o nada. O nadir.

A cada Ibope, a cada Datafolha, comprova-se o que dizia Míriam Leitão: o presidente Temer é um caso de estudo. É o único chefe de Estado que tira o país do buraco, reverte o quadro, faz o país sair do fundo do fundo do fundo do poço para uma expectativa de crescimento de cerca de 3% – e todo mundo detesta.

Não se sabe hoje a principal motivação das pessoas que vão aos shows de Chico Buarque – se é para aplaudir o artista brilhante, ou para poder berrar a plenos pulmões o mote geral “Fora, Temer!”

***

Há quatro anos o Fórum Econômico Mundial, realizado sempre nos meses de janeiro, em Davos, na Suíça, não contava com a presença de um presidente brasileiro.

Dilma Rousseff, a Passionária da Economia, esnobou aquele bando de capitalistas selvagens nos seus últimos anos de governo. E, em 2017, tendo assumido de verdade fazia poucos meses, Temer também não foi.

Foi agora. Tinha bons resultados a apresentar. Uma série de bons números.

Apresentou esses belos números em um discurso diante de líderes de Estado e da economia do mundo todo.

Foi, seguramente, um dos grandes momentos de sua presidência.

No Brasil, ninguém quis saber de seu discurso.

Todas as atenções estavam voltadas para Lula. Para o julgamento de Lula.

Ah, mas vai ser cag… de arara assim lá no Palácio do Jaburu!

24/1/2018

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