No meio do horror, boas notícias

No meio do horror, do grande horror que é ter dois candidatos populistas, mentirosos, incompetentes no segundo turno – e portanto o horror, o grande de saber que o próximo presidente da República será um populista, mentiroso, incompetente –, houve algumas luzes, algumas boas notícias.

Um número bastante razoável de petistas importantes, comissários graduados, e gente de seu entorno, ficou de fora, foi banido pelos eleitores.

Fernando Pimentel não disputará o segundo turno para o governo de Minas.

Lindbergh Farias, o Lindinho, tão panaquinha, não dará o ar da graça no Senado.

Vanessa Grazziotin, do PCdoB-AM, uma das gralhas da época do impeachment, vai ficar gralhando em Manaus. Coitados dos vizinhos.

Eunício Oliveira, MDB-CE, da pior das trocentas alas do MDB,  dançou.

Edison Lobão, MDB-MA, da pior das trocentas alas do MDB, também dançou.

Romero Jucá, MDB-RR, que apoiou os governos de Fernando Henrique, Lula, Dilma e Temer, dançou.

Garibaldi Filho, MDB-RN, veteraníssimo, ex-presidente do Senado, dançou.

Jorge Viana, PT-Acre, ex-prefeito de Rio Branco, ex-governador, senador… dançou.

Sarney Filho e Roseana Sarney dançaram!

Roberto Requião dançou. Uau! Os paranaenses finalmente deram um chega pra lá nesse sujeito, o petista de carteirinha mais atuante de todos entre os que não têm carteirinha do PT.

Eduardo Suplicy! Eduardo Suplicy, meu Deus do céu e também da terra! O povo de São Paulo o promoveu a continuar no cargo de vereador. Daqui a dois anos se candidata de novo, e provavelmente será eleito, mas, ao longo de 2019 e 2020, a única tribuna de que disporá para destruir “Blowin’ in the wind”, aquela canção que, antes que ele a cantasse, era linda, será a do Palácio Anchieta, ali na Rua Dona Maria Paulina

Dançaram os filhos do papai da política fluminense – Marco Antônio, filho de Sérgio Cabral; Daniela Cunha, filha de Eduardo Cunha, Crivella Filho, filho de quem o nome mostra, e, at last but not at least, Cristiane Brasil, filha do Roberto Jefferson, aquela figura folclórica que se notabilizou por aparecer cercada por um bando do fortões sem camisa.

O Brasil fica muito, mas muito, mais muito melhor sem todas essas pessoas ocupando os cargos que ocupavam ou pretendiam ocupar.

***

Mas nenhuma dessas notícias todas, nenhuma dessas derrotas todas, se compara com a de que Dilma Rousseff, o estrupício, a parva, a excrescência, não foi eleita.

O fato de essa mulher ser candidata a algum cargo público já era um absoluto escândalo. Ela foi afastada da Presidência da República em um processo de impeachment, por crime de responsabilidade. Diz claramente a Constituição que, em tais casos, a pessoa perde o cargo e passa a ser inelegível por um período de oito anos.

Foi assim como Fernando Collor de Mello. Ele sofreu impeachment e tornou-se inelegível por oito anos.

Mas, na última hora, o então presidente do STF, Ricardo Lewandowski, notório amigo e defensor do PT e de petistas, deu um jeitinho de, com o auxílio do então presidente do Senado, Renan Calheiros, rasgar a Constituição e não cassar os direitos políticos da mulher acusada e condenada à perda do mandato de presidente por crime de responsabilidade.

E então foi lançada candidata ao Senado por Minas Gerais, numa afronta à Constituição, às leis, à vergonha na cara dos cidadãos – tanto os de Minas quanto os do resto do país.

Logo estava em primeiro lugar nas pesquisas do Ibope e do Datafolha – e Minas virou chacota nacional.

O estrupício chegou a dar declarações de que queria presidir o Senado.

Como nos dias em que o Criador distribuiu humildade, simancol, tato, jeito, equilíbrio, jogo de corpo, ela não compareceu ao local, julgava-se não apenas eleita senadora como em pleno direito de presidir a Casa.

Ficou em quarto lugar. Nem chegou perto dos dois primeiros colocados.

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Pois então parabéns, Minas Gerais.

A terra de Juscelino, Tancredo, Benedito Valladares, José Maria Alckimin, Milton Campos, Affonso Arinos, a terra de Drummond, Sabino, Murilo Rubião, Otto Lara Resende, Guimarães Rosa, não vai se chamar Mulas Gerais.

A cidade em que cresci, tive minhas primeiras paixões, vi meus primeiros mil e tantos filmes, não vai mudar seu nome para Belo Horizanta.

7/10/2018

Agradeço ao meu amigo Hubert Alquéres pelo levantamento dos nomes que vão nos dar a alegria de sua ausência.

2 Comentários para “No meio do horror, boas notícias”

  1. Maravilha de texto, permeado pela forma mais ácida de crítica – o humor -, que teve seu melhor momento ao tratar do Suplicy. Renan Calheiros, a grande raposa, escapou da degola. Mas Romero Jucá, que queria estancar a sangria, acabou sucumbindo por menos de quinhentos votos. O notório Cássio Cunha Lima também se foi.Respira-se um ar melhor, apesar de Bolsonaro no firmamento…

  2. Adorei o humor do texto; gargalhei com o parágrafo sobre o Suplicy e a destruição de “Blowin’ in the wind”. Já estava tarde (na primeira vez em que li), e eu num péssimo estado de espírito. Desopilei.

    Muita gente ruim ainda conseguiu se (re)eleger, como o Calheiros, que o Valdir citou, mas um dia a gente aprende.

    Parabéns, Minas Gerais, por ter derrubado o poste!

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