Donald J. Trump, o homem sem argumentos, sem vocabulário, tosco, rústico, que não sabia contestar ou argumentar com sua concorrente do partido democrata, a senadora Hillary Clinton, a não ser usando o bordão que mais o descreve do que a ela, “What a nasty woman!”, vai ocupar a presidência dos EUA por quatro anos sem ter a menor idéia da importância de seu país e da democracia que representa.
Pelo visto pretende governar por twitters, o que se coaduna melhor com seu vocabulário reduzido.
Não sei se vocês concordam comigo, mas a mim impressiona saber que essa figura que já nasceu rica, muito rica, e que o único que soube fazer foi aumentar sua fortuna, nunca viajou, não sabe o que é a emoção de entrar numa catedral gótica, não conhece Paris, Roma, Cairo, Tóquio, Londres, Berlim, Veneza, não teve a felicidade de se extasiar diante de um quadro nos museus europeus, com toda a certeza nunca assistiu a um concerto sinfônico, não sabemos se gosta de cinema, quais seus diretores favoritos, qual seu poeta preferido, qual seu livro de cabeceira, essa figura rude, vai dominar o país até agora mais forte do mundo.
Digo até agora porque como na vida tout passe, tout casse et tout se remplace, parece que chegou o momento de o grande império americano sossobrar, assim como outros grandes impérios do mundo também sem transformaram em pó.
É uma pena, digo isso com o coração muito triste. Sei que a vida não poderia ser como sempre um filme de Frank Capra, sei que o americano médio não é o James Stewart nem tampouco John Wayne, mas também não precisava ser um ranheta que odeia todos que não mascam chicletes e não idolatram o deus ouro.
Estudei nos EUA em 1954 e fiquei pasma ao ver que lá não exibiam filmes no som original porque o americano não tolerava ouvir outras línguas (uns dizem que era esse o motivo, outros era o fato da alfabetização americana ser tão precária que a leitura das legendas era impossível para o espectador médio).
De há muito isso já mudou; o grande Fellini, por exemplo, é exibido em italiano, os americanos são turistas entusiasmados que amam viajar. E que muito aprenderam com a troca de idéias entre as nações que visitam.
Mas Trump não pensa assim. Erguer muros reais e muros espirituais é seu sonho de uma grande América. Ele vai fechar o sul dos EUA com um muro para impedir a entrada de latinos. Eu gostaria que o Canadá fechasse a fronteira norte para que Trump e sua grei reinassem sozinhos até desaparecerem. São só quatro anos. Passa rápido.
Os americanos saberão tolerar esse homem desagradável: in God We Trust!
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 27/1/2017;
Temos mais sorte. Temer só até dezembro de 2018.