“Há uma maré nos assuntos humanos
Que tomada na cheia, traz fortuna;
Se perdida, a viagem dessa vida
Será só de baixios e misérias.
(William Shakespeare, in Júlio César, Ato 4 cena 3, tradução de Barbara Heliodora).
“As páginas da história certamente vão revelar o lado que cada um escolheu para travar sua batalha pessoal nesse processo”, disse o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, ontem, ao final da sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), a sua última como procurador-geral da República. Ele se referia, evidentemente, ao processo de sanear o Brasil.
Na viagem desta vida ele escolheu o lado certo e nisso assumiu um custo altíssimo, violento, por enfrentar “o modelo político corrupto e produtor de corrupção, cimentado por anos de impunidade e de descaso”. Foram muitos os momentos sofridos, toda sorte de ataques, Janot revelou, mas lembra, otimista, que tudo isso já faz parte dos escombros do passado.
A corrupção é uma chaga que estava minando todo o país. E se Rodrigo Janot não conseguiu o milagre de acabar de vez com a grave doença, ele conseguiu, repito, ao escolher o caminho certo, com persistência e muito amor ao Brasil, inserir na mente da grande maioria dos brasileiros horror aos corruptos, horror à corrupção. O que já é um triunfo e tanto!
Segunda-feira, 18 de setembro, dr. Janot passa o bastão da Procuradoria-Geral da República para a procuradora Raquel Dodge. Ela, com toda certeza, também escolherá o caminho certo. Confio plenamente no Ministério Público brasileiro.
Confesso que minha admiração pelo dr. Janot me leva a não achar mal que ele continuasse à frente da PGR; apesar de todo seu esforço parece que o bambuzal continua alto. E creio que ele teria cada vez mais força para lançar as flechas ainda porventura necessárias.
Concordo, no entanto, com a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, que as instituições no Brasil de hoje são sólidas: o Ministério Público é uma delas. “O Supremo não permitirá que a mudança de um nome, o afastamento de um nome, altere os rumos, porque as instituições são mais importantes que as pessoas”, disse ainda a presidente.
Ontem Rodrigo Janot teve seu trabalho reconhecido pelo plenário do STF, pela unanimidade dos presentes à sessão. Foi uma vitória merecida.
Hoje, esta simples cidadã traz aqui para o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, seus mais sinceros agradecimentos por todo seu trabalho pelo Brasil e votos de muita alegria e saúde, sempre.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 15/9/2017.