Não há como negar a vergonha que se abateu sobre os eleitores fluminenses, em especial os cariocas. É só verificar a lista dos presos recentes e ver os nomes que lá estão. Nós, cidadãos comuns, estamos aborrecidos e envergonhados.
Mas eles, os antigos inquilinos do Palácio Guanabara e da Alerj, eles parecem que ainda não caíram na real. Comportam-se como se estivessem em férias num hotel de veraneio.
Reconheço, e faço mea culpa, que não sei o que me levou a votar em x no ano tal ou em y naquele outro ano. E não é de hoje que carrego essa culpa. Copio aqui uns trechos de artigo que publiquei aqui em 2006:
Quais foram os critérios que usei? Deixei-me levar pelos artigos dos articulistas que admiro? O horror e ódio à ditadura influenciaram as escolhas? O aspecto físico? Os bons modos? O currículo? A campanha bem feita? O estado de origem? A oratória? A simpatia? A fé? Afinal, o que move o eleitor?”
Eu lastimava na ocasião os modismos que pairavam nos debates e nas conversas: a glorificação da ignorância, o desprezo pela elite. Ou outro modismo, a meu ver ridículo: “mulher votar em mulher, ou vibrar quando alguma se elege ou é escolhida para algum alto cargo. Para mim, não há maior machismo do que esse feminismo às avessas. Dá no mesmo do que votar naquele ali por que é alto, ou neste aqui porque tem boa postura, ou nesse porque é moreno. Nasceram assim. Isso os torna melhores candidatos?”
Temos ainda – ou será que vão sumir nas brumas do passado? – os marqueteiros que transformam os sapos em príncipes. Fazem do tolo um sábio, do sábio um tolo, do arrogante um suave, do suave um arrogante. São mágicos (a depender do que recebem, são a magia personificada!).
Feito o mea culpa, faço um apelo: como votar melhor se os mil partidos políticos não se dão ao trabalho de escolher com extremo critério os nomes que lançam? Para votar, dependemos dos partidos, ou não é assim? Temos partidos demais e todos muito diferentes daquilo que os partidos políticos deveriam ser. São meras agremiações, não são partidos políticos.
Tenho meia dúzia de nomes que sei seriam o que o Rio precisa. Não vou colocar aqui minha listinha, pois não tenho autorização deles. Além do que, lhes consagro imensa admiração e, portanto, não lhes desejo mal algum. Enfrentar o Rio como está… francamente, é trabalho para um Hércules envolto na pele do leão da Neméia.
Está tudo tão feio que só me resta pedir, a mim mesma e a todos que me lêem, vamos ficar mais atentos. Ler muito, nos informar diariamente, procurar ouvir os que sabem mais do que nós, evitar os palanques montados por marqueteiros e, se possível, não reeleger ninguém…
Vamos torcer para que o Rio de Janeiro saia do sufoco. Boa Sorte, querido Rio!
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 1°/12/2017.