Os últimos dias foram especialmente repletos de boas notícias para o Brasil – e de más notícias para o lulo-petismo que enfiou o país na pior crise econômica, na mais profunda crise política e na mais avassaladora crise moral da História.
* “O mercado formal de trabalho voltou a contratar em abril e registrou no mês saldo líquido (admissões menos demissões) positivo de 59.856 postos. No mesmo período do ano passado, o resultado foi negativo com 62.844 contratações. Esse foi o segundo mês de geração de empregos em 2017. Em fevereiro foram abertas 35.612 vagas, mas em março houve queda. A abertura de vagas em fevereiro foi a primeira depois de 22 meses sem novos postos de trabalho. O resultado do mercado de trabalho formal em abril é mais um sinal do início da recuperação da economia brasileira.” (O parágrafo acima é de Geralda Doca, no portal do jornal O Globo nesta terça-feira, 16/5.)
* O índice do Banco Central para estimar o desempenho do Produto Interno Bruto, o PIB, mostrou que o a economia do país cresceu 1,12% no primeiro trimestre deste ano.
Foi o primeiro trimestre de crescimento no índice, o IBC-Br, após 11 trimestres consecutivos de resultados negativos. O resultado veio acima das previsões dos analistas e sinaliza que a recessão começa a ficar para trás.
“O país começa, enfim, a sair do buraco no qual despencou em 2014”, escreveu Míriam Leitão no Globo da terça-feira, 16/5. (A íntegra do artigo vai abaixo.)
* No mesmo dia em que foi anunciada a alta do IBC-Br, a segunda-feira, 15/5, o dólar comercial caiu a R$ 3,108, o menor nível em 2 anos.
* Também na segunda, 15/5, o risco-país medido pelo credit default swap, CDS, espécie de seguro contra calote, caiu abaixo dos 200 pontos pela primeira vez desde janeiro de 2015, quando as agências de risco ainda não tinham tirado o grau de investimento do Brasil.
* A Petrobrás teve um lucro de R$ 4,449 bilhões no primeiro trimestre, com custos e investimentos menores e alta na cotação e na produção de petróleo. Em dois anos, foi o melhor resultado da maior estatal brasileira – a que foi arrombada, roubada e usada com motivações políticas ao longo dos 13 anos e 5 meses de governo lulo-petista. O desempenho surpreendeu os analistas do mercado e ocorreu após prejuízo de R$1,2 bilhão no mesmo período do ano passado.
O ótimo resultado foi anunciado na quinta-feira, dia 11/5.
* Na segunda, dia 15/5, a Petrobrás fechou uma operação de captação de US$ 4 bilhões no mercado internacional. Segundo fontes ouvidas por Ramona Ordoñez e Bruno Rosa, de O Globo, a intenção da empresa na abertura era captar US$ 1,5 bilhão na Europa e nos Estados Unidos, mas a procura foi muito maior do que se esperava.
* Depois de dois anos seguidos de queda, as vendas do Dia das Mães deste ano voltaram ao azul, o que dá mais uma indicação de que a atividade econômica começa a se recuperar”, informou Márcia De Chiara no Estadão desta terça, 16/5. Houve crescimento de 2% na comparação com o ano passado, segundo a Serasa Experian. E, segundo o indicador Boa Vista SCPC, houve aumento de 1,6% no volume de vendas no comércio na semana que antecedeu o Dia das Mães em comparação ao mesmo período de 2016.
* De janeiro a março deste ano, os investidores estrangeiros trouxeram para o Brasil US$ 14,84 bilhões de investimento direto ligado à participação em empresas. É um volume recorde para um primeiro trimestre. Mesmo descontado o dinheiro que voltou para o exterior, US$ 955 milhões, a cifra continua alta: US$ 13,88 bilhões, como informa reportagem de Fabrício de Castro no Estadão de domingo, 14 de maio.
O investimento direto no país como um total, que considera investimentos em participações e também operações inter-companhias, como empréstimos, somou US$ 23,94 bilhões, um total 41% maior que o do mesmo período em 2016.
* A procura por imóveis para compra no Rio de Janeiro, a segunda maior cidade do país, cresceu 30% no início deste ano em comparação com o mesmo período de 2016, segundo dados da Ademi-RJ, que reúne as construtoras cariocas obtidos por Bruno Rosa e Glauce Cavalcanti e publicados em O Globo do domingo, 14/5.
* A inflação medida pelo IPCA, o índice apurado pelo IBGE e considerado o oficial pelo governo, é a menor em 10 anos.
Diz a reportagem de Daiane Costa em O Globo de quinta-feira, 11/5: “Ao seguir sua trajetória de queda, caindo a 4,08% no acumulado em 12 meses, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) atingiu em abril o menor nível em dez anos e voltou a ficar abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central, de 4,5% no ano. Os dados foram divulgados ontem (10/5) pelo IBGE. As consequências dessa desaceleração – há um ano, essa taxa era de 9,28% – vão muito além do alívio no orçamento doméstico. O resultado aumenta as apostas em um corte de 1,25 ponto percentual na taxa básica de juros, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim deste mês, e em uma Selic de um dígito ao final do ano, encerrando 2017 em 8%, frente aos 11,25% atuais.”
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Dez itens. Dez ótimas notícias no espaço de menos de uma semana.
Por coincidência – ou não –, essas dez ótimas notícias, que mostram que a economia do país está melhorando, foram divulgadas no período de uma semana em que se marcou um ano exato da saída de Dilma Rousseff da presidência da República.
No dia 12 de maio de 2016, Michel Temer assumiu o governo, seguindo rigorosamente a letra da Constituição, após o impeachment da presidente, e iniciou um cavalo de pau na condução da política econômica.
Uma curva em U. Uma mudança de 180 graus.
A equipe econômica escolhida por Temer, a partir do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, passou a fazer exatamente o contrário do que os governos lulo-petistas vinham fazendo a partir de meados do segundo período Lula (2007-2011).
A política lulo-petista levou à maior recessão da História do Brasil.
A política inversa à do lulo-petismo, em um ano, já pode apresentar melhor concretas.
O país começa a sair do buraco no qual foi enfiado pelo lulo-petismo.
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No início deste texto, falei que os últimos dias foram também repletos de más notícias para o lulo-petismo.
É preciso enumerar?
Acho que não, mas creio que cada um dos nove itens citados aí acima é uma má notícia para o lulo-petismo.
Cada um deles mostra que, fazendo o contrário do que eles fizeram, o país obtém bons resultados.
Isso sem falar do depoimento de Lula ao juiz Sergio Moro, na quarta-feira, 10/5, em que, em vez de demonstrar sua inocência, o ex pronunciou 82 vezes a frase “não sei” – e empurrou as responsabilidades para a falecida mulher, cujo nome citou 26 vezes.
Sem falar nas confissões da dupla de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, exibidas ao país a partir da quinta, 11/5.
Sem falar nas novas provas apresentadas à Justiça por Leo Pinheiro na segunda, 15/5.
Sem falar em que Lula foi indiciado pela Polícia Federal na Operação Zelotes também na segunda, 15/5 – o sexto indiciamento.
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Abaixo, a íntegra da coluna de Míriam Leitão no Globo e do editorial do Estadão, ambos desta terça-feira de boas notícias.
Caminho de volta
Por Míriam Leitão, O Globo, 16/5/2017.
O país começa, enfim, a sair do buraco no qual despencou em 2014, mas essa caminhada será com números positivos e negativos se alternando, e muita lenta. O PIB ficará um pouco abaixo da alta de 1,12% do índice de atividade que o Banco Central divulgou ontem, mas a taxa será positiva. O desemprego permanecerá alto e mesmo quando cair não voltará rapidamente ao patamar de antes da crise.
Esta é uma crise complexa e profunda. Ela mistura vários ingredientes que complicam o quadro, como a turbulência política, a investigação da Lava-Jato e a profundidade dos problemas fiscais. Mesmo assim, começam a aparecer sinais da mudança de ciclo. O IBC-Br de ontem teve a primeira alta depois de oito trimestres de encolhimento.
Quem puxou o PIB foi a agropecuária. Mas há outros dados positivos: a inflação despencou e ontem o mercado começou a prever que o índice pode ficar abaixo de 4% no ano. Os juros caíram três pontos percentuais e, com inflação tão baixa, podem cair muito mais nas próximas reuniões.
O economista Sérgio Vale, da MB Associados, acha que o segundo trimestre pode ter números de alta menores do que os do primeiro, mas até lá o país começará a sentir o efeito positivo do recuo dos juros. A queda da inflação é a principal vitória da economia que há ano e meio enfrentava os preços em dois dígitos e não há previsão de mudança de tendências a curto prazo.
— No horizonte da inflação até o fim do ano, não há nada que assuste muito. O preço dos alimentos deve subir, mas sem choques. É possível que a taxa feche o ano abaixo de 4% se o governo não aumentar o PIS/Cofins sobre a gasolina — diz o professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.
Salomão Quadros, da FGV/Ibre, também projeta um ambiente mais confortável para o Banco Central. Em abril, os índices da Fundação Getúlio Vargas tiveram forte deflação. O IGP-DI caiu 1,24%, a deflação mais forte desde 1951. Em 12 meses, o índice subiu somente 2,54%.
— O IGP-DI capta também os preços no atacado. Assim, é possível olhar esse índice agora e projetar as condições para o consumidor no futuro. A pressão dos produtos industriais na inflação deve ser suave nos próximos meses. Apesar de o indicador oficial ser o IPCA, o desempenho do IGP é um dos elementos que o BC pode considerar para decidir sobre os juros — conta Salomão.
Uma das razões da queda da inflação é a recessão, mas ela não explica tudo. Há maior confiança no Banco Central. O principal fator, contudo, foi o excelente desempenho da agricultura. Derrubou os preços dos alimentos, e também é o que está puxando o PIB. Os dados divulgados na semana passada pelo IBGE mostram que a produção de grãos está aumentando 26% este ano em comparação com o ano passado.
Tudo isso levará o governo para um dilema fiscal. A pressão das despesas aumentou, até porque ele elevou salários de funcionários, mas a regra do teto de gastos exige que ao calcular o reajuste das despesas no Orçamento seja usada a inflação em 12 meses até junho. A taxa anual estará ainda mais baixa. Até lá, o índice deve cair para a casa dos 3%. A equipe econômica enfrentará muitas pressões na hora de fazer o Orçamento de 2018. No ano passado foi aplicado um aumento de 7,2% na despesa primária.
— É exatamente o que buscava a regra, controlar o aumento dos gastos. Tenho certeza que o ministro Henrique Meirelles não vai reclamar — diz o economista José Márcio Camargo.
A correção mais modesta deve acelerar o equilíbrio fiscal do governo, principalmente se a melhora na arrecadação e a aprovação da reforma da Previdência se confirmarem. Se a reforma for rejeitada, será ainda mais difícil cumprir o compromisso.
O IBC-Br tem metodologia diferente da que o IBGE usa nas Contas Nacional, mas a expectativa majoritária na economia é que ela confirme a boa notícia da saída da recessão, a mais longa da nossa história.
(Com Marcelo Loureiro.)
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O legado de Temer
Editorial, Estadão, 18/5/2017.
Passado pouco mais de um ano desde que assumiu a Presidência da República – após o processo de impeachment que culminou na cassação do mandato de Dilma Rousseff –, o presidente Michel Temer compreende as circunstâncias excepcionais que o levaram ao poder e tem a exata dimensão do papel que a História lhe reservou. É o que se depreende da entrevista exclusiva concedida aos jornalistas João Caminoto, Carla Araújo, Marcelo Beraba e Eliane Cantanhêde, do Estado, publicada na edição de domingo passado.
Administrador da massa falida legada pela inépcia e pela incúria de sua antecessora – e também pela sanha criminosa que permeou sua gestão, a serem verdadeiras as acusações que lhe são feitas por dois de seus colaboradores próximos, os marqueteiros João Santana e Mônica Moura –, Temer elegeu o combate ao desemprego como a principal marca de seu governo. “Meu principal objetivo é combater o desemprego. Se não conseguir, aí sim você pode dizer que o governo não deu certo”, disse o presidente.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final de abril, a taxa de desocupação no Brasil ficou em 13,7% no trimestre encerrado em março de 2017. Foi a maior taxa de desocupação registrada pelo IBGE desde o início da medição do indicador em 2012. Portanto, o presidente Michel Temer acerta ao definir como meta principal de seu mandato o combate a um problema que aflige, aproximadamente, 14,2 milhões de brasileiros. O contraste em relação às parvoíces de Dilma Rousseff é tão expressivo que o mero diagnóstico acurado de uma mazela nacional – habilidade mínima que se espera de quem ocupa a Presidência da República – já é, por si só, digno de nota.
Para a grande maioria do povo brasileiro, o sucesso ou o fracasso de um administrador público é medido por indicadores de qualidade de vida e renda, por ações cujos resultados lhe tocam diretamente. O cidadão espera dos que administram o Estado a oferta de serviços públicos de qualidade, o bem-estar promovido pela sensação de segurança, um rígido combate à inflação que preserve o poder de compra da moeda, a geração de empregos que garantam renda e dignidade. No que compete ao Poder Executivo federal isso passa pela aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, fundamentais para a retomada do crescimento econômico.
É imperioso registrar que sob a gestão de Dilma Rousseff o País experimentou a pior recessão econômica desde o início da década de 1930. Em 2015, a economia brasileira recuou 3,8%. Em 2016, nova queda de 3,6%. Biênio tão catastrófico só havia sido medido em 1930 e 1931, quando o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 2,1% e 3,3%, respectivamente. O desemprego recorde é o desdobramento mais perverso da irresponsabilidade populista da administração do Partido dos Trabalhadores.
Diante das circunstâncias de sua ascensão ao Palácio do Planalto, do ambiente anuviado que toma conta do País e da impopularidade de medidas essenciais que precisam ser adotadas pelo governo para a correção dos rumos nacionais – como a adoção de um teto de gastos públicos, além das reformas já mencionadas –, não surpreende o índice de rejeição ao presidente Michel Temer. Entretanto, este é justamente um fator que lhe permite encampar tais projetos sem o risco de pender para o populismo daqueles que governam pensando na próxima eleição.
Tomada pelas circunstâncias, cabe à liderança política escolher o legado que pretende deixar. Lula da Silva ascendeu ao poder sustentado por apoio popular, congressual e uma conjuntura internacional favorável sem precedentes. Estivesse imbuído dos melhores desígnios, teria promovido grandes transformações no País. Hoje é réu em cinco ações penais e corre o risco de responder a mais uma, por obstrução de justiça. Dilma Rousseff assumiu o governo com o propósito de dar à política e à economia as feições de seu nacional-populismo rastaquera. Quebrou o País.
Ao assumir o governo sob condições de penúria, caberá a Michel Temer concluir a construção do que chamou de “ponte para o futuro” e nele figurar como um presidente histórico, e não apenas acidental.
16/5/2017
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