É muito difícil, praticamente impossível, ter calma nesta hora, mas é preciso tentar.
O menos ruim para o Brasil agora é:
– afastar Michel Temer o mais rápido possível da Presidência;
– o Congresso, conforme dispõe a Constituição, escolher, no prazo de 30 dias, um novo presidente para terminar o mandato;
– até a posse do novo presidente, manter-se a estrutura básica do atual governo para tocar o Executivo durante essa interinidade. Nada dessa idéia estapafúrdia que está sendo disseminada de PSDB ou PPS abandonarem o governo. A responsabilidade maior é ficar, manter o que há até a posse do novo presidente.
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Não há condições de Temer continuar na presidência.
Ainda não está disponível a gravação em que ele avaliza a mesada a Eduardo Cunha para comprar seu silêncio, e a gravação precisa ser divulgada o quanto antes, sem dúvida alguma.
Mas o fato é que a frase “Tem que manter isso, viu?” deve ter sido pronunciada. É o raciocínio límpido feito por Mary Zaidan: Se a frase não tivesse sido pronunciada, em vez da nota tíbia divulgada na noite de ontem, quarta, 17/5, Temer teria dito em alto e bom som: “Eu nunca disse isso e portanto não pode ter havido gravação alguma de algo que nunca disse”.
Diante disso, não tem jeito de Temer continuar na Presidência. Poderia, e creio que deveria, renunciar.
Se não renunciar, o TSE tem o dever de cassar a chapa. Não custa nada antecipar o início do julgamento marcado para o dia 6 de junho.
Um P.S. às 22h15 desta quinta, 18/5, dez horas após postar este texto: Mantenho o post aqui porque não tem sentido negá-lo, apagá-lo. Mas o texto está incorreto. Pelo que foi demonstrado ao longo desta quinta-feira, não há prova cabal de crime de responsabilidade do presidente Temer.
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Sobre a eleição do novo presidente.
É simples: isto aqui é uma república de bananas ou é um país que tem uma Constituição?
Não é lá uma república ilibada, honrada, mas tem instituições que funcionam. O país passou por dois processos de impeachment em um período curto e as instituições se mantiveram funcionando.
Temos uma Constituição. A Constituição diz que em caso de vacância da Presidência, assume o presidente da Câmara, que convocará eleições indiretas em 30 dias.
Simples assim.
A colunista Lydia Medeiros, na página 2 do Globo de hoje, diz o seguinte:
“Desde o início da noite, Brasília se tornou palco de inúmeras reuniões para discutir o futuro. Em uma delas, entre partidos de oposição, houve um mínimo de consenso: com cerca de 25% de seus integrantes enredados na Lava-Jato, o Legislativo está desmoralizado para conduzir uma eleição indireta para a substituição de Temer, caso seja afastado ou até renuncie. Houve sugestões até de transferir a tarefa para o Judiciário. Nesse contexto inusitado, ganha força a aprovação da emenda constitucional que prevê a realização de eleições diretas já, de autoria de Miro Teixeira. A noite foi longa no Planalto Central.”
Ora, diabos, se o Legislativo está desmoralizado para conduzir uma eleição indireta, está moralizado para mudar a Constituição e instituir casuisticamente uma eleição direta agora, no meio da maior crise política, econômica e moral da História do país?
Não tem qualquer sentido.
Eleição indireta já.
O país tem gente ilibada, acima de qualquer suspeita, acima da corrupção e dos partidos que pode governar até dezembro de 2018.
18/5/2017, 12h20
Um comentário para “A saída está na Constituição”