The Washington Post, um dos mais influentes jornais dos Estados Unidos e do mundo, com 140 anos de história, introduziu em seu site, na quarta-feira passada, a mensagem “Democracy Dies in Darkness”, que também estará estampada na versão impressa, abaixo de sua marca. Antecipou-se na compreensão do breu anunciado.
O novo slogan do Post – jornal responsável por revelar o Watergate que culminou com a renúncia, em 1974, do presidente Richard Nixon — foi apresentado dois dias antes de a Casa Branca sob o comando do também republicano Donald Trump lançar os EUA em trevas ainda mais profundas, fechando as portas na cara da liberdade de expressão.
Jornalistas do The New York Times e do Los Angeles Times, das redes de TV CNN e BBC, e dos sites Político, The Hill e BuzzFeed foram barrados, impedidos de participar do tradicional briefing de sexta-feira do porta-voz da Casa Branca. Uma atitude criticada até pela Fox News, cuja fidelidade canina a Trump ninguém discute.
Nada antes visto na América – país que se orgulha de ser o farol da democracia. Um comportamento que só encontra similitude com regimes autoritários, autocráticos, ditatoriais.
O episódio explode o alerta vermelho aceso com a eleição de Trump.
Desde que estava em campanha, e com mais vigor depois de ser empossado presidente, Trump bombardeia a imprensa. Vocifera contra veículos de comunicação e jornalistas, aumentando a agressividade dos ataques sempre que é desmascarado em suas mentiras, cada vez que sofre qualquer crítica.
Tem horror do que chama de “fonte anônima”, usual nas investigações jornalísticas para preservar quem fornece informações, sem as quais escândalos como o Watergate, revelado pelo anônimo “Garganta Profunda”, e tantos outros, incluindo os do Brasil, como o do Mensalão e da Lava-Jato, não teriam vindo à tona.
Trump trata a imprensa livre como “inimiga do povo”, algo batido para vários países da América Latina, incluindo o Brasil, mas desencaixado na lógica de uma nação que respira liberdade e dela faz símbolo.
Ao ouvir os disparates trumpistas, suas acusações a jornalistas e suas construções de “verdades”, é difícil não fazer paralelo com o comportamento e as falas do ex Lula – um líder sindical e presidente da República incensado pela mídia, que transformou a imprensa em inimigo número 1 desde que ouviu as primeiras críticas. Que montou um círculo de jornalistas amigos para produzir versões alternativas e traduzir os fatos a seu bel prazer. Mas, sobre Lula, há de se dizer: embora tenha dirigido palavras ofensivas, injuriado um ou outro jornalista, e até ter tentado expulsar um correspondente estrangeiro, nunca impôs censura à imprensa.
Trump, que se regozija com a sua própria figura, vai além de todos os limites.
Expõe a maior nação democrática do mundo aos caprichos de um presidente que desrespeita não só a imprensa ou jornalistas, mas a Constituição de seu país, cuja primeira emenda impede qualquer limite ao livre exercício da religião, da liberdade de expressão e de imprensa.
Assim como o atentado às Torres Gêmeas traçou a linha de risco com o fundamentalismo islâmico em todo o planeta, as ações de enfrentamento de Trump extrapolam os Estados Unidos. Suas consequências para o mundo livre não aguardam o futuro. Já são nefastas.
No mais, deixemos que o Carnaval nos anime. Ainda que por apenas mais três fugazes dias.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 26/2/2017.
Mary, o “curto e grosso” que acabo de ler é o melhor material de tudo o que achei nos jornais, ou ouvi na televisão. Esse tarado do Trump não só agride a imprensa, como quer pauta-la. Na base do em vez disso, vocês deviam ter se preocupado com aquilo…
Parabéns, menina.
Parabéns pelo artigo. Só faço uma ressalva: Lula nunca impôs censura à imprensa porque não conseguiu. Não que não tenha tentado. Basta ver que quis criar conselhos e outros assemelhados para controlar a liberdade de expressão.
O Donald foi eleito conforme as regras democráticas. Precisam de um PIG para colocar a casa em ordem, ou seja, salvar o mundo?
The New York Times e do Los Angeles Times, as redes de TV CNN e BBC, e os sites Político, The Hill e BuzzFeed seriam os integrantes do PIG norte americano?
Pelo lido o “Washington Post” não foi barrado do tal briefing. A democracia morre na escuridão.
Por que então o idiota, o imbecil, o débil mental do Trump, esse filhote de Hugo Chaves com Dilma Rousseff, não é específico e aponta individualmente quais são as mentiras da imprensa? Por que ao invés de agir como o PT, Chaves e bolivarianos em geral, que pregam censura, Trump não faz o que é de costume numa democracia: aciona judicialmente o jornal, a TV ou os jornalistas por calúnia, injúria ou difamação? Não tem coragem de fazer isso porque sabe que está mentindo e vai perder feio na justiça. Todo idiota com perfil de ditador, seja Lula, Fidel, Chaves, Trump, Mussolini, Hitler, Pinochet ou Stalin, odeia imprensa livre e não admite ser desmascarado em suas enganações. Processe a imprensa, Trump. Não faça como Dilma, que ameaçou processar Veja nas eleições e nunca o fez para não ser desmoralizada. Não faça como os esquerdistas daqui,que chamavam a imprensa de PIG, quebraram a portaria da Veja, incendiaram carros da Globo, mas nunca tiveram a coragem de apontar especificamente quais eram as mentiras e acionar judicialmente a imprensa. Seja específico e diga quais foram as mentiras do New York Times e do Washington Post. Processe-os. Enganadores de extrema esquerda ou extrema direita preferem continuar enganando os militantes trouxas, que, por sua vez, têm um perfil psicológico que os levam a idolatrar com muita paixão líderes populistas e repetir tudo o que eles falam, como se fossem robôs. O mais engraçado é que depois de sumiram envergonhados da internet brasileira quase todos os robôs petistas, foram imediatamente substituídos pelos robôs de extrema direita, que idolatram Trump e Bolsonaro. Só o que não mudou foram os ataques à imprensa e aos princípios democráticos.