Verifique as letras

Na ida ao litoral, há duas semanas, dei com uma placa de sinalização que existe há anos. Está na Rodovia dos Imigrantes, alguns metros antes de começar a descida da serra: Verifique os freios.

Respeito a sinalização, mas aquela ignorei, por inviável. Para verificar os freios, teria que parar meu carro no acostamento, sinalizar com o triângulo, abrir o porta-malas e pegar o macaco. Então ergueria a frente do auto, retiraria a roda e faria a verificação, ainda assim incompleta. Repetiria com a outra roda.

Acho que quiseram dizer Teste os freios. Uma pisadinha no pedal, e pronto.

A placa antológica das rodovias paulistas ficava na Regis Bittencourt, em Registro, no Vale do Ribeira. Pelo menos era direta. Quem saía da cidade, para encarar os 200 quilômetros até São Paulo, dava com ela: Buraco nos próximos 20 quilômetros. Não consertavam, mas sinalizavam.

Voltando a avisos. Encontrei esta pérola no balcão da farmácia que procurei ontem: Anúncio corretivo. Não se pode dizer que está errado, pois corrigia a informação de um anúncio anterior. Mas eu daria um corretivo no autor, para ele aprender a escrever errata, ou simplesmente correção.

E daria outro para quem colou um aviso na porta do elevador do meu prédio, na praia. Pedia para não chamar os 02 elevadores ao mesmo tempo. Nunca entendi esse zero à esquerda. Será para impedir falsificações? Por exemplo, alguém podia ter acrescentado 1, o que não recomendaria chamar 12 elevadores ao mesmo tempo.

Os sergiovazes, valdires, e outros elementos que ganham o pão com texto, são implicantes, desagradáveis e ranhetas quando se trata da escrita. Mas há boas razões.

Lembro do cuidado, na pré-informática, em se grafar palavras perigosas. Um título ou manchete com o nome do então governador Carvalho Pinto, por exemplo. O redator redigia o nome, e mostrava a lauda para um colega: “O que você lê aqui?”. Depois para outro, e ainda um terceiro. Se todos falassem o nome certo, se convencia e liberava o título.

Porque, se por descuido, a manchete saísse sem o “v” em Carvalho Pinto, seria uma tragédia (além de uma redundância).

       Janeiro de 2016

7 Comentários para “Verifique as letras”

  1. Fiquei dando gargalhadas às zero três da manhã. Essa dos 12 elevadores foi ótima.

  2. É IMPORTANTE SIM TER CUIDADO COM AS LETRAS.
    Em Copacabana no Rio de Janeiro a rua ‘BULHÕES DE CARVALHO’ é também conhecida como a rua “QUASE QUASE’.

    Falando em letras o LUIZ está a dever a sinopse do filme ‘O Último Drive in’.

    Falando em cinema, já assistiram CHICO?

  3. Miltinho, se você não encontrar o Sérgio Vaz lá na esquina, pode trazer o ator Tonico Pereira mesmo. Acho que eles são primos.

  4. Miltinho, se eu quisesse mesmo ver o filme, pegaria um ingresso de graça com o bispo.
    O do Chico ninguém oferece…

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