As crianças que foram boazinhas durante o ano não precisam se preocupar em limpar a lareira, ou deixar a janela aberta, para receber Papai Noel. Bastará reservar um espaço livre no jardim, ou no quintal, para a aterrissagem do drone com os presentes.
Papai Noel está moderninho. Livrou-se das renas, pois, além de inverossímeis, foram proibidas pela União Internacional Protetora dos Animais. Dispensou os delfos que fabricavam os brinquedos (mas ofereceu demissão voluntária), pois caiu drasticamente a demanda por caminhõezinhos e bonecas. Está se abastecendo na China.
Para não decepcionar a criançada, Papai Noel vai aparecer nos céus, em um trenó com motor e asas. Encomendar o modelo foi muito difícil. Como Deus é brasileiro, resolveu negociar com uma empresa brasileira. Conseguiu até um intermediário bem situado no mundo político. Mas desistiu, ao ouvir condições de que até Deus duvida.
O bom velhinho viu fotos da árvore de Natal do Parque Ibirapuera, e notou que está enfeitada pela propaganda de empresas comerciais. O fato inspirou-lhe uma forma de arcar com os custos de suas novas práticas. Se tudo correr bem, será visto pilotando o aerotrenó pelos céus, com um macacão de piloto cheio de propaganda costurada, como se fosse um corredor de Fórmula 1.
As crianças que ficarem à espera dos drones do Papai Noel não deverão se decepcionar. Quando tocar o solo, um dispositivo será acionado automaticamente, e liberará uma gravação: Ho, ho, ho.
Dezembro de 2016