Monólogos da TPN

Foi dada a largada para o concurso de o homem mais honesto do Brasil.

Nas duas primeiras posições, disputando cabeça a cabeça a liderança, estão Paulo Salim Maluf, que corre na raia desde 2002, quando assim se declarou, e Lula da Silva, que entrou na competição esta semana.

Apesar de ter entrado atrasado na corrida, Lula já ameaça a liderança de Maluf, por ter colocado na disputa a Polícia Federal, a Justiça, a alma e até mesmo o Vaticano.

A impetuosa entrada de Lula na competição assustou o concorrente Maluf, que tranquilamente desfilava a passe de trote, mantendo o mesmo ritmo desde 2002, quando entrou na raia disputando sozinho o grande páreo – o que parecia garantir-lhe uma vitória tranquila.

Cercado por uma plêiade de blogueiros amigos, amestrados e salivantes, o ex-presidente Lula, no instituto que leva seu nome, lançou-se à disputa com um repto que fez estremecer o solo, devidamente anotado e transmitido ao mundo por seus taquígrafos de estimação:

“Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja Católica, nem dentro da Igreja Evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido.”

A declaração de Lula causou viva animação entre os combatentes das tropas governistas nas redes sociais e uma profunda consternação entre os partidários de Paulo Maluf, que disputava sozinho a primazia e já se aproximava do disco final sem ser ameaçado por ninguém.

A posição de Maluf foi bastante enfraquecida pela falta de substância em relação à declaração de Lula. Maluf disse, em 2002, que era apenas “o político mais honesto do Brasil”. Não envolveu em sua enfática declaração nem sequer uma mísera comparação com o Pai, o Filho nem o Espírito Santo.

Convenhamos: que glória há em ser apenas “o político mais honesto do Brasil” perto de alguém que é nada menos do que “a viva alma mais honesta do Brasil”?

Mas o ex-presidente não se limitou a ditar aos seus taquígrafos as compulsões de seu transtorno de personalidade (na psiquiatria, o nome do distúrbio de Lula é conhecido como TPN – Transtorno de Personalidade Narcisista). Ele também discorreu sobre generalidades como economia, política, Lava Jato, etc. Só não fez nenhuma divagação sobre a descoberta do nono planeta do sistema solar, descoberto pelos astrônomos, porque ninguém perguntou.

O monólogo de Lula teve também os tradicionais excertos de delírio persecutório (claro que a Lava Jato é uma espécie de conspiração contra ele: “já ouvi que delação premiada tem que ter o nome de Lula, senão não vale”) e de seus habituais sofismas ( “Dilma um dia será enaltecida porque criou condições para que neste país todos saibam que tem que andar na linha”).

Depois de dizer que Dilma é uma mulher “de fortes convicções” (eufemismo lulês para cabeça dura?) e que ele é “um liberal”, Lula declarou que, diante do exposto, está “muito tranquilo”.

De fato, é normal que todas as pessoas muito tranquilas reúnam seus tranquilos amigos e vassalos num tranquilo café da manhã para recitar monólogos sobre a própria tranquilidade. Talvez seja uma variante pouco estudada do TPN.

Mas intranquilo mesmo está Paulo Maluf. Esta ele já perdeu.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 22/1/2016. 

Um comentário para “Monólogos da TPN”

  1. “Duvide.
    Nenhuma fé até hoje foi tolerante. A dúvida é a tolerância. A fé levantou fogueiras, a dúvida não as levantará jamais. Toda fé é uma tirania e todo crente é um escravo.
    Não acredite”
    Vargas Vila

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