Quando a pessoa tem o dom, não tem jeito.
Valdir Sanches me mandou uma mensagem que é uma deliciosa crônica. Seria egoismo guardar só pra mim. Pedi a autorização para publicar, e aí vai. (S.V.)
Servaz,
Agradeço pelos bons momentos que você nos proporcionou ontem à noite.
Filho e cunhada estavam fora; o que faria o casal de velhinhos?
Instalado o american bar no terraço (luz baixa, um abajur sobre o bar), me ocorre uma ideia fantástica: “Vamos ouvir música?”.
Sugestão de tal modo inusitada surpreende Haydée. “Bem, vamos.”
Liguei o aparelho compacto (me embaralhei com o controle, muito tempo sem usar), busquei no porta CD. Peguei um, quase ao acaso.
Era Lisa Ono cantando clássicos americanos com batida de bossa-nova, que você gravou para mim (com uma Nara de quebra). Nos embalou pela noite. Depois ofereci um Elvis, ela gosta muito e não ouvia há décadas (sentido literal). Aí um Johnny Mathis, e fomos levitando (sentido figurado) com a brisa que entrava no terraço.
Por fim, encaramos um rap.
Explico. Deixamos pra lá o estrogonofe programado, que ia dar trabalho, e nosso interesse era alimentar a alma. Traçamos um Rap10.
Fui para a cama determinado. Vou deixar de me envenenar com o que vem nos jornais, ruminar preocupações o dia todo, e ouvir mais música. Redescobrir o prazer.
O que tenho feito, poucas vezes, é pescar no Youtube um Milton, um Lo Borges. Fones nos ouvidos, solitário. Muito melhor é a música fluindo no ambiente, partilhada.
Esta manhã pego a Folha com aquela manchete: “País caminha para a pior recessão de sua história”.
Abraço
Valdir
7/2/2015
https://www.youtube.com/watch?v=fbelY71ear4
Mais música…um samba.