Se, além da minha mulher, alguém achar que me tornei um velho implicante, posso, com certas ressalvas, dar razão. Um velho implicante jornalista, pior ainda. Mas veja este release que recebi (entre dezenas de outros que chegam por e-mail).
“O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, abre a exposição A Alma do Colecionador (…)” Impliquei. Por que esse “equipamento”? Além de desnecessário, nivela com posto de gasolina, também equipamento, na linguagem do urbanismo.
Nessa toada, alguém vai acabar escrevendo que, uma vez Cristo condenado a morrer na cruz, os soldados romanos disponibilizaram a ferramenta (que carregaria até o Calvário). Está bem, ferramenta hoje tem uso virtual, mas a praça está cheia de ferramenteiros empregando a palavra para tudo. Menos para martelo e alicate.
Outra coisa com que embatuco é exigirem que eu me cadastre, até para saber resultado de palavra cruzada. Entrei na página do plano de saúde. Cliquei em preços. Veio o “cadastre-se”. Todas as suas referências pessoais para uma simples consulta de preço. Deixei pra lá, por medo de, cadastrado, me atacarem com spams e telemarketing.
O “disponibilizar” a que referi aí em cima me é difícil de engolir. O jornalismo se faz de palavras curtas, para agilidade da comunicação; e, especialmente nos jornais impressos, porque há pouco espaço para muita notícia.
Mas é comum ler-se que a Prefeitura está disponibilizando (dezesseis letras) alguma coisa que também dá, doa, cede, oferece. Só perdôo o grande Renato Pompeu, que certa vez copidescou um texto meu, e o encerrou com “(fulano) afirmou peremptoriamente.”
Fui a ele: “Ô, Renato”! Explicou serenamente que usou a palavra para o texto entrar no tamanho.
(A quem interessar, a exposição A Alma do Colecionador mostra peças de 30 colecionadores, de livros raros a cachimbos, relógios, bicicletas clássicas. Abre no dia 28 de março, às 11h. Avenida Tiradentes, 676, Luz, São Paulo.)
Março de 2015
Delícia. Ainda bem que o Sérgio disponibiliza textos do grande Valdir.
Orra, meu! Até que enfim um texto agradável de se ler nesta josta deste site.
Antigamente havia uns textinhos assim, gostosos. De uns tempos pra cá ficou uma chatice danada: só pau no governo popular, só coisa de coxinha, imperialista, reacionário, gente da zelite de zoio azul.
Parabéns ao Valdir Sanches.
assinado: Sérgio Vaz, por procuração dos leitores
Miltinho
Milton
Nosso Medo
A doce Mary é também uma grande amiga, vive me obsequiando com encômios. Êpa, escorreguei. Agradeço ao Servaz Miltinho pelo comentário, mas quero ver como o primeiro ficará, se o segundo discordar.
Em tempo: agradeço o que o Sérgio diz, apenas na linha em que manda parabéns.
Peremptória a procuração,extensiva ao ZeLuis e Luiz Carlos.Sem querer ser redundante, repetitivo, chato ou mesmo copidescário, parabéns ao Valdir, não ouso discordar do SerVaz.
São 04:30 e eu estou aqui rindo baixinho, para não acordar minha mulher. Belo texto, Valdir.
PS: Miltinho, ZeLuis não sou eu. Ao contrário de certas pessoas, não uso nomes laranja.
O LUIZ CARLOS é único, JOSE LUIS é um amigo leitor que conheci atraves de “50anos”, somamos, creio eu, os 3 leitores do site.
O José Luís é um amigo que fiz via internet, um senhor português culto, refinado, de bom gosto.
Se eu for a Portugal algum dia, gostaria de encontrá-lo.
Um abraço ao Miltinho, ao Luiz Carlos e ao José Luís, meus três leitores!
Sérgio
Também gostaria de conhecer o Jose Luis.Idem o Luiz Carlos de Brasilia, que se nao estou enganado é contemporâneo de escola da minha prima Zaira.