Uma entrevista para arquivar

Lula, tão econômico em entrevistas durante seus oito anos de governo, nesta terça-feira 8 de abril resolveu falar – não foi propriamente uma entrevista, foi mais um papo que durou 3h32m10s, segundo o You Tube.

Um bate-papo à la Lula, isto é, ele falando pelos cotovelos e se exibindo em toda a sua simpatia, atributo que é difícil de lhe ser negado: o Lula é muito simpático.

Pena que ele tenha feito uma entrevista en petit comité: eram nove blogueiros. Acho que esse foi o dado concreto menos democrático de todos: entrevista coletiva ou ação entre amigos?

Mas vamos à entrevista. O objetivo, mais do que claro, era defender o PT nestes tempos de pré-eleição. Aliás, como ele mesmo diz, “perseverar sempre”. Neste caso, perseverar na defesa dos seus dois governos e também, ainda que mais discretamente, na defesa do governo Dilma.

Num ligeiro e meio confuso mea culpa, Lula diz que o PT poderia ter se esforçado e se transformado num partido mais forte internacionalmente se tivesse tomado um banho de Caribe, assim meio samba, conga, rumba.

Onde isso nos levaria? Sei lá, mas como muitas de suas idéias têm certa graça, depois param no meio do caminho, ficamos sem saber o que ele quis dizer. Vai ver ele acha que o que aconteceu na Bolívia, segundo ele, é o máximo e é o que deveria ter acontecido com todos os nossos ritmos: a Bolívia está calminha há muito tempo, e por quê? Porque a oposição desapareceu! Lula dixit!

A defesa da Petrobrás? Não fez. O que ele fez foi repetir o que todos sabemos: a Petrobrás é uma senhora empresa, um gigante. Afirmou que não é contra a CPI mas foi veemente no recado: o governo tem que, com unhas e dentes, defender a Petrobrás. Deu a entender que o melhor é evitar a CPI pois, às vezes, sabe como é… (a entrevista foi antes do advento da CPI Combo, mas eu, se fosse o Lula, insistiria no cuidado que o PT deve tomar…).

Sobre as manifestações de junho de 2013, veio com uma historieta que não é nem original, nem verdadeira. Que o povo, ao mesmo tempo que criticava o governo, partia feroz para cima dos carros de reportagem e das grandes empresas, pois sabe muito bem quem o ama.

Queixa-se da imprensa, lastima com voz triste o tratamento desrespeitoso que dá à Dilma, e aproveita para dizer que é imprescindível a Regulamentação dos Meios de Comunicação. Vai fundo no assunto? Explica o que quer dizer com isso? Regular como e quem seria o controlador da regulamentação? Isso ele não diz… Afinal, como ele mesmo disse mais de uma vez, o melhor é não falar nada sem pensar bem antes…

O que eu mais gostei foi do fecho. Quando um blogueiro disse: O senhor não devia ter dito que não era candidato. Deixa eles pensando (sic), o Lula respondeu: Não, foi bom e necessário.

Você entendeu? Nem eu.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 11/4/2014. 

Um comentário para “Uma entrevista para arquivar”

  1. Nuvens negras, o simpático Lula de volta? Estão abrindo espaço para golpe,não existe qualquer programa ou ideia inovadora, não temos oposição.Cresce o volta Lula.

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