No self-service de Dalgas Frisch, bem-te-vi come arroz cozido na hora, com sal a gosto. Tico-tico prefere alpiste, e dispensa o pão (que afinal é comida de pardal). E sabiá fica no arroz, mas não rejeita uma boa fruta. O restaurante fica nos jardins; nos jardins de um duplex de cobertura, 14º andar de um prédio do Morumbi. O proprietário conhece bem a clientela. Johan Dalgas Frisch, um engenheiro químico apaixonado pelas aves, dedicou a elas sua vida.
Frisch considera os dois comedouros dos jardins de seu apartamento isso mesmo: um restaurante para pássaros. Como qualquer restauranteur, dedica atenção muito especial aos clientes importantes. E quem mais formidável do que o sanhaço–do-coqueiro, com sua plumagem azul, que não visitava a cidade há coisa de 40 anos?
O sanhaço-do-coqueiro gostou tanto que trouxe a família. Melhor do que isso. Há um registro de que esta ave foi vista na década de 40, na Serra de Caraguatatuba. E só. Um belo dia, há quase um ano, Frisch olha pela vidraça da cobertura e vê, no jardim, um sanhaço do coqueiro se servindo de uma bela banana. Está empolgado até hoje.
Pois bem, o passarinho colunável (está no Catálogo de Aves do Brasil, de Olivério Pinto) fez um ninho entre plantas do jardim, acasalou-se, e agora teve três filhos. A chegada da família, para as refeições, deleita Frisch. É verdade que nem sempre vêm juntos. Mas têm boas maneiras. “É um cerimonial. Eles se cumprimentam antes de comer sua banana, mamão ou laranja. Não são gulosos, não chegam e vão atacando.”
Frisch procura servir bem, para atrair a freguesia. Calcula que já são cem os pássaros de diversas espécies que frequentam a casa. Um dos primeiros foi o cebinho, que se alimenta de flores. Depois, o beija-flor. O arroz para o bem-te-vi leva sal, porque ele gosta. O bico de lacre, um africano naturalizado brasileiro, ficou freguês quando encontrou seu prato predileto: arroz seco em pó.
Com tanto sucesso, Frisch está tendo um lucro fabuloso: ”Os pássaros oferecem um show contínuo, dia após dia. Uma terapia contra tensões.”
Este texto foi originalmente publicado no Jornal da Tarde, uns dez anos atrás. Valdir Sanchez o encontrou ao remexer nos seus papéis, antes da mudança.
Foto Mário Rodrigues.
Bom cardápio!
Excelente localização!
Clientes selecionados!
Vou recomendar aos meus amigos, os pardais.
S.O.S Tietê!
O ambientalismo não está na pauta!
A mídia tradicional não vai avançar na busca de conhecimento sobre o problema climático.
Impedem a pauta as questões incômodas da economia de mercado, como a sustentabilidade do sistema econômico, as condições para o uso da propriedade e a apropriação, pelo interesse privado, de bens coletivos como a água (Sabesp), a energia elétrica (Eletropaulo) e a atmosfera (futura EletroAr).
Vamos pautar a salvação o Tietê!
Também duvido das boas maneiras dos pardais, Miltinho.