Mistérios (e ministérios) insondáveis

Não é à toa que dona Dilma está com olheiras profundas. Deve ser complicado montar e administrar um governo com 39 ministros. E o que fazer quando essas 39 figuras pertencem a 10 partidos diferentes? Todos ambicionando a mesma coisa: mais poder?

A Redentora nos deixou com dois partidos, a Arena e o MDB. Antipática medida, mas com um lado que facilitava as coisas para as pessoas comuns: sabíamos onde estavam os bandidos e os mocinhos. Quer dizer, achávamos que sabíamos…

Aos poucos, como se o Brasil tivesse sido colocado num imenso liquidificador, foram surgindo filhotes desses dois partidos e hoje são 32 as legendas a abrigar os nossos abnegados defensores.

E toca a criar ministérios para ter onde colocar os próceres da Nação. Os nomes dos partidos são tão parecidos que não sei como os próprios filiados não se confundem. Tenho a impressão que às vezes um deputado mais velho, ou uma senadora mais distraída, ao serem entrevistados têm que perguntar ao assessor: “rápido, rápido, eu sou PpA, PpB ou PpC?”.

Mas nossa criatividade não se exibe apenas nas siglas partidárias. No nome dos ministérios é que nos mostramos em toda a nossa glória. Por exemplo: Pesca e Aquicultura. Acho o nome desse ministério um charme! Aquicultura, não é uma palavra bonita, sonora, com personalidade?

Outros dão a impressão de servirem à mesma causa. Por exemplo: Secretaria dos Direitos Humanos, Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Secretaria de Políticas para as Mulheres. E eu que pensava que a igualdade racial e nós mulheres estávamos sob o manto dos Direitos Humanos?

São mistérios insondáveis. Como a existência da Secretaria de Comunicação Social que aliada à opaca Transparência Brasil permitem que dona Dilma se ache no direito de ir aonde quer, quando quer e como quer sem dar satisfações ao Brasil. Sinto muito, mas isso não é bem assim. A presidente nos deve satisfações, sim.

Aliás, o Brasil caminha a passos largos para uma aventura perigosa… Muita gente na Esplanada dos Ministérios ainda não aprendeu para que serve a imprensa. E que dela depende a nossa sanidade como país.

Outro que anda confundindo as estações é o ministro Joaquim Barbosa. Desde o julgamento do mensalão sabemos que o ministro tem estopim curto, forte característica de sua personalidade. Sua declaração que ao ostracismo devem ser relegados os condenados por corrupção – por fazer parte da pena, segundo ele – foi espantosa.

Pois eu quero sempre saber o que pensa, faz e onde está o condenado por corrupção. E isso só através da imprensa. Eles, os condenados, têm o direito de dizer que foram condenados injustamente. Nós que assistimos ao julgamento e que sabemos que foi feita Justiça, devemos é dar graças a Deus de viver em um país onde os condenados têm voz.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 31/1/2014. 

2 Comentários para “Mistérios (e ministérios) insondáveis”

  1. E OS CONDENADOS TEM VOZ E CANDIDATOS.

    Na foto, publicada no Twitter de Delúbio e no site Brasil 247, Barbosa aparece sorridente ao lado do empresário brasileiro Antonio Mahfuz. Segundo reportagem do portal, Mahfuz é foragido do Brasil e responde a 221 processos. A foto (confira abaixo) foi publicada no perfil do empresário na sua página no Facebook no último dia 22 de Novembro.

    Em sua página no Facebook, o empresário brasileiro, questionado por amigos sobre Barbosa, responde: “O próprio. O seu, o meu, o nosso candidato a Presidente do Brasil sem Pedágio!!!” . A Coluna o procurou pela rede social, mas ainda não obteve resposta.

  2. Ora, Miltinho, vá cuidar das suas mulheres de trinta. Centenas de pessoas pedem para tirar fotos com Barbosa onde quer que ele passe. Você queria que ele pedisse atestado de bons antecedentes de todos? Não me diga que o site Brasil 247 anda fazendo a sua cabeça. Obviamente, se Barbosa tivesse algo a esconder a respeito, ou mesmo se conhecesse o curriculum vitae do Antonio Mahfuz, nunca posaria para uma foto dessas. Não seria tolo a ponto jogar gasolina na fogueira do seu próprio processo de demonização.

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