Mistérios da mente

A palavra esquizofrenia vem do grego e, simplificadamente, significa “dividir a mente em dois”.

Ela define um transtorno da mente que pode ser tratado farmacologicamente ou, dependendo do diagnóstico, por terapias psicanalíticas.

Há alguns tipos de esquizofrenia de natureza política que não estão classificados nos compêndios médicos e que jamais foram estudados – de forma que a cura se torna incerta, ou mesmo impossível, dependendo de sua origem.

Por exemplo: como se explica, clinicamente ou politicamente, todo o peso institucional com que o governo resolveu, no período pré-Copa, tratar os baderneiros que encheram as ruas e incendiaram, destruíram e saquearam bens públicos e privados, aos gritos de “não vai ter Copa”, ao mesmo tempo em que um dos seus ministros mais importantes, Gilberto Carvalho, da Secretaria da presidência, trocava receitas de quindim de coco com eles?

Como se explica que o ministro da Justiça desse mesmo governo tenha dito que “não toleraremos abuso de qualquer natureza, e as pessoas que praticarem ilícitos responderão nos termos da lei penal”, e que quando os termos da lei penal começam a ser aplicados, o presidente do partido desse mesmo governo proteste contra a prisão de quem praticou esses ilícitos?

O partido declarou em nota assinada pelo seu presidente que a prisão dos chamados “ativistas” (um jargão modelo 2.0) é “uma grave violação dos direitos e das liberdades democráticas”.

Esquizofrenia pura.

Aí as pessoas normais ficam sem saber se queimar, depredar, destruir bens públicos e privados e promover atos de vandalismo são “ilícitos penais” ou fazem parte dos “direitos e das liberdades democráticas”.

A prisão preventiva de 23 dos “ativistas”, que segundo a Justiça se reuniram para praticar ilícitos penais, foi decretada por um juiz do Rio, com base num inquérito policial: 5 foram presos e 18 foram considerados foragidos.

Alguns deles pediram um ridículo asilo político no Uruguai e foram repelidos pela diplomacia do bom vovô Mujica, que considerou uma pândega dar asilo político a foragidos da Justiça de um país plenamente democrático.

O desembargador Siro Darlan, assíduo frequentador das páginas de celebridades graças às exóticas medidas que tomava quando era juiz da Vara de Infância e Juventude do Rio, resolveu resgatar seus 15 minutos de fama concedendo habeas corpus aos “militantes”, depois de ler o mesmo processo que levou outro juiz a pedir a prisão preventiva dos 28.

À esquizofrenia política, juntou-se a esquizofrenia judicial. A revolucionária Sininho e seus acólitos estão em liberdade e os pobres mortais ficam aqui sem saber se, afinal de contas, queimar, depredar, destruir e vandalizar o patrimônio público e privado é “ilícito penal”, como quer um ministro, ou uma “liberdade democrática”, como quer o presidente do partido dele.

Mistérios da mente.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 25/7/2014. 

Um comentário para “Mistérios da mente”

  1. O PT está cada vez mais distante que foi o PT. O govêrno está refém de esquizofrênicos e vulnerável aos ataques, malediscências, fofocas, boatos e factóides da tucanada.

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