De que serve esquecer que os problemas existem e jogá-los para frente, como se o tempo ou o vento pudessem eliminá-los, como se, não enfrentados, não retornassem com mais força?
Na vida de cada um de nós adiar as soluções acaba por nos tornar reféns do evitável. Antes tarde do que nunca ou deixar para amanhã o que se deve fazer hoje não são sinônimos de sabedoria popular. São imprudência, imprevidência. Ignorância, enfim.
Quase ninguém hoje foi trabalhar. Há uma greve geral de ônibus e as ruas, oficinas e escritórios estão vazios. O transporte coletivo é como o sangue em nosso corpo. Sem ele percorrendo as artérias e veias não há vida.
E por que os motoristas de ônibus e trens pararam a cidade? Serão insensíveis às agruras de seus semelhantes, familiares e amigos? Certamente que não.
Eles também sofrem na carne e em casa os atropelos do dia a dia das grandes metrópoles. Trabalham e suam e merecem ser remunerados com dignidade, para que eles e os seus tenham uma vida decente.
Mas há algo errado nesse movimento pois os que mais são prejudicados são os trabalhadores assalariados, é a imensa maioria de brasileiros que se desdobra para crescer e, em consequência, fazer o país avançar.
Quando se iniciaram os movimentos populares em 2013 o mote inicial era a discordância com um aumento de 20 centavos nos bilhetes do transporte de São Paulo. Da faísca fez-se um fogaréu que se espalhou por todo o Brasil.
O saco de todos estava mais que cheio e as reclamações contra a corrupção e a incompetência dos governos falou alto. O padrão das obras para a Copa do Mundo deveria espelhar o padrão da educação, da saúde, da segurança e dos transportes oferecidos para todos os cidadãos. E não é o que acontecia ou acontece.
O Congresso discursou e não entendeu nada. Propôs porcarias irresponsáveis. O governo implantado em Brasília, além de também não compreender a força e o significado dos protestos, sugeriu pauta que se casava mais com ditadura do que democracia. Enfim, nada se fez de proveitoso para se sair da pasmaceira política geral.
O que se vê então, nesta manhã em que a cidade de Belo Horizonte amanheceu sem condução que nos leve de casa para o trabalho e do trabalho para casa, é a constatação de que os problemas existem e devem ser enfrentados, não adiados ou provisoriamente esquecidos.
Estava na cara que, aumentados todos os preços que movem os ônibus e trens, e todos os itens da sobrevivência dos brasileiros, uma hora a conta iria chegar. A discussão dos preços do transporte coletivo volta às ruas, não há como fugir dela. Os administradores públicos foram eleitos para deliberar com clareza sobre essa e outras questões. Que façam o que deve ser feito. É o mínimo que esperamos.
Esta crônica foi originalmente publicado no Estado de Minas, em fevereiro de 2014.
É PELA DIGNIDADE DE SER BRASILEIRO.
As greves não são de trabalhadores, são de ganaciosso empresários que querem recuperar os R$ 0,20 perdidos.
Não é greve de trabalhadores, é uma grave de gananciosos empresários que querem de volta os 20 centavos perdidos.
A concessão de serviços essenciais fazem a fortuna de empresários. Lixo, água, luz e transporte na mão dos poderosos que agora usam a greve contra a população.
O Fernando Brant faz boas letras para músicas mas suas crõnicas políticas carecem de melhor análise dos fatos. Esta é uma delas. As greves de motoristas também paralisaram Curitiba, pelo mesmo motivo: melhores salários. Os empresários negam aumento e jogam os tabalhadores de uma categoria contra trabalhadores de outras categorias, impedidos de trabalhar pela ação astuta dos empresários. Conseguido o aumento de salário, resta repassar o custo para as tarifas, e assim o custo de vida aumenta, aumenta a inflação, aumenta a insatisfação, rt a tucanada baixa o pau pela internet. Quem sabe a Dilma cai?
As manifestações de junho queriam uma mudança e esta mudança seria tarifa zero, transporte público mesmo.
Os serviços básicos e essenciais devem ser feitos pelo estado, com funcionários públicos, justamente remunerados. Gestão pública EFICIENTE um dos princípos da administração pública consagrado na nossa Constituição tâo admirada e defendida pelo Brant.