A presidente da República anunciou ontem a demissão da diretoria da Petrobras e agradeceu a imprensa pela publicação das denúncias reveladoras sobre a corrupção na empresa. Ela afirmou que abandonará a prática de loteamento político das diretorias da empresa e introduzirá métodos profissionais de governança corporativa.
Disse que “a liberdade de imprensa é fundamental para a preservação do regime democrático” e que pretende arquivar qualquer projeto de controle social da mídia que lhe seja apresentado pela executiva de seu partido.
Na mesma entrevista, a presidente informou que pretende levantar o sigilo que cerca as operações do BNDES no financiamento de obras no exterior, notadamente as do porto de Mariel, em Cuba. Ela acha que todos os contratos de financiamento do BNDES envolvendo governos estrangeiros devem obedecer regras de “plena transparência”.
Sobre a reaproximação diplomática entre os Estados Unidos e o regime cubano, a presidente disse que espera que ele produza efeitos saudáveis para a economia da ilha e possibilite a libertação dos dissidentes políticos, o fim do sistema de partido único, a instauração da plena democracia, com eleições livres e diretas, plena liberdade de expressão, liberdade de imprensa, acesso livre à internet e a restauração do direito de ir e vir.
Sobre o programa “Mais Médicos”, ela disse que pretende mantê-lo, mas passar a remunerar não mais o governo de Cuba mas os profissionais diretamente envolvidos na operação, que passarão a receber os salários integrais pagos aos médicos dos outros países envolvidos no programa. Ou seja: em vez de pagar 8 mil ao governo e 2 mil aos médicos, passará a pagar 10 mil diretamente aos médicos.
A presidente anunciou mais adiante que decidiu abandonar definitivamente “a nova matriz macroeconômica” implantada pelo ex-ministro Mantega, e que produziu a estagnação econômica mais marcante da República depois dos governos Floriano Peixoto e Collor. Disse que o governo voltará a adotar o tripé macroeconômico (superávit primário, câmbio flutuante, metas de inflação) que vinha dando bons resultados até ser abandonado. Ordenou ao BNDES que abandone os critérios políticos para a concessão de empréstimos subsidiados, e que passe a priorizar os critérios técnicos.
Pediu desculpas à oposição por ter usado de propaganda enganosa durante a campanha eleitoral e anunciou que adotará, de agora em diante, o programa econômico que, segundo disse na campanha, “entregaria o País aos banqueiros”.
A presidente informou também ter ordenado ao Itamaraty que abandone a “política externa terceiro-mundista”, que rompa os laços de proximidade com regimes autoritários, e que passe a privilegiar as relações diplomáticas e econômicas que atendam aos interesses do Brasil, ao fluxo de livre comércio, livre de barreiras tarifárias e subsídios.
Anunciou, na mesma ocasião, que um milhão de famílias estavam abandonando o programa Bolsa Família, por terem ultrapassado a fase de extrema necessidade e por terem conseguido, através do instrumento de emergência e os instrumentos de formação profissional colocados à sua disposição, alcançar patamares de subsistência dignos, com seus próprios meios.
No dia seguinte, tudo voltou ao normal.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 26/12/2014.
Sandro, simplesmente brilhante sua crônica.
A OPOSIÇÀO CRE AINDA EM PAPAINOEL