Parece que Gustavo Cubas morreu agora, esta semana, em Miami, aos 83 anos.
Parece. Nada do que diz respeito a Gustavo Cubas pode ser proclamado como uma verdade verdadeira. Gustavo Cubas é um mistério.
Gustavo Cubas foi o sujeito que bancou a criação da revista Afinal, um troço que durou entre setembro de 1984 e o meio do segundo semestre de 1988.
Quando se for escrever a história da imprensa brasileira entre os anos finais da ditadura militar e o início da redemocratização, provavelmente a revista Afinal não terá lugar importante. Os títulos da imprensa alternativa terão figuração muito maior – O Pasquim, é claro, Opinião, Movimento. É provável que até publicações mais alternativas ainda, como o Ex, O Bondinho, O Grilo, atraiam mais as atenções dos historiadores do que a Afinal.
Nunca vendeu muito. As agências de publicidade não apostaram nela, não viram nela bom potencial. Sem publicidade, ou com pouquíssima publicidade, foi murchando, murchando, até morrer.
Embora não tenha estourado, não tenha dado certo, foi uma revista bem interessante. Teve muita coisa boa, belas reportagens, belos textos, bons artigos, lindas fotos, algumas grandes sacadas, até algumas audácias na área política antes do fim da ditadura. Como uma vez sintetizou o Valdir Sanches, ao folhear um exemplar que acabava de chegar da gráfica: “É: nesta revista escondem-se bons textos”.
E, mesmo não tendo acontecido, foi uma experiência de vida maravilhosa para todo mundo que passou por lá.
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Gustavo Cubas era, como diz seu sobrenome, cubano. A família, parece que rica, havia fugido de Cuba logo depois da revolução, ali por 1960, e se radicado em Miami. Junto com um irmão, se não me engano, Gustavo foi dono de uma agência de publicidade nos Estados Unidos. Veio para o Brasil, e aqui criou uma agência, a Siboney – o mesmo nome da famosérrima canção composta pelo cubano Ernesto Lecuona em 1929, e o mesmo nome de uma marca de charutos. (Gustavo, aliás, fumava um charuto atrás do outro.)
Em vez de ficar quieto ganhando dinheiro com a Siboney, Gustavo Cubas botou na cabeça que iria criar uma nova revista semanal, que seria um sucesso extraordinário e em pouco tempo se tornaria a publicação mais vendida no Brasil.
Tinha uma idéia básica de como seria a revista: algo entre a Veja e a Manchete. Semanal, de informação, mas menos sisuda que as concorrentes Veja, IstoÉ e Visão (esta última ainda existia, creio; e a Época ainda não tinha sido lançada). Menos sisuda do que a Veja, mais popular, um popular assim que nem a Manchete, com grandes reportagens e fotos abertas. (“Abre foto, abre foto” – esta era uma das máximas de Gustavo Cubas, que, curiosamente, suprimia o artigo. Falava em portunhol, mas nhol do que portu, e não dizia “Abre la foto”, e sim “Abre foto”).
Conhecia um jornalista brasileiro: José Roberto Palladino. Eram amigos. Gustavo prometeu emprego na revista para o Palladino, e saiu, com a ajuda dele, à procura de alguém para formar e dirigir a redação.
Um belo dia encantou-se com uma capa do então ótimo Jornal da Tarde. A capa trazia diversas fotos tipo 3 x 4 de bandidos fichados pela polícia de São Paulo, parecendo aqueles cartazes de “Procura-se”. As fotos ocupavam toda a primeira página do JT, de alto abaixo. A manchete era “Eles estão nos procurando” – e um olhinho dizia que todos aqueles bandidos fichados estavam à solta e poderiam assaltar o leitor a qualquer momento.
Gustavo Cubas tirou o charutão da boca (claro que não vi a cena, mas posso perfeitamente imaginar como foi) e bradou: “¡Coño! Quiero el tipo que hizo esta pagina como director de mi revista!” (Todas as frase de Gustavo começavam ou acabavam com “coño”.)
O sujeito que tinha feito aquela capa dos bandidos que procuravam o leitor era Fernando Lima Mitre, o redator-chefe do JT.
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As negociações entre Gustavo Cubas e o Mitre foram longas. Mitre é mineiríssimo e, se fosse político, seria do velho PSD de Benedito Valadares, Tancredo Neves, José Maria Alkmin. Daqueles que só faziam reunião para aprovar alguma coisa depois de tudo ter sido decidido previamente. Que não eram nem contra nem a favor de nada radical – muito antes ao contrário.
Mitre tinha sido da equipe fundadora do Jornal da Tarde em 1966 – a equipe original, chefiada por Mino Carta e Murilo Felisberto, este mineiro de Varginha. Foi editor de Reportagem Geral, a editoria mais importante do JT. Quando eu cheguei ao JT, foquinha de tudo, em 1970, Mitre já era uma figura lendária na redação; todo mundo, mas todo mundo mesmo, tinha por ele respeito e admiração. Era então o terceiro homem na hierarquia do jornal, depois de Murilo Felisberto e Ivan Ângelo, o secretário de redação, encarregado de fechar a primeira página.
Em 1984, quando foi chamado por um cubano doido de pedra para uma aventura louca (nós, mineiros, não somos nada chegados a aventuras, muito menos aventuras loucas), Mitre tinha 18 anos de S.A. O Estado de S. Paulo na carteira de trabalho. Como tinha começado a trabalhar na empresa (à época sólida, mais firme que Gibraltar) em 1966, era um funcionário estável. As gerações mais novas não têm idéia do que era isso, essa figura criada pela CLT getulista nos moldes do fascismo italiano – funcionário estável só podia ser demitido com comprovação de motivo justo; se não, tinha direito a uma indenização trilionária.
Mineiro, safo, Mitre negociou garantias com Gustavo Cubas – e combinou cuidadosamente sua saída da S.A. com os Mesquitas.
Mitre é especialista em negociação, em jamais se dar mal com ninguém.
Depois de topar sair da empresa mais segura do jornalismo brasileiro para uma aventura, começou a traçar os pauzinhos de quem levaria com ele.
Eu só não ousaria dizer que ele levou os melhores talentos do JT para a aventura do Gustavo Cubas porque me incluiu entre os que carregou com ele.
Levou, como editores-chefes, Sandro Vaia e Anélio Barreto. Como secretário de redação, Ari Schneider. Todos eles eram, naquele ano de 1984, editores do JT.
Ainda do JT, levou Valdir Sanches e Miguel Ângelo Filiagi, dois dos melhores repórteres do jornal, que seriam na revista repórteres especiais, os caras que fariam as grandes matérias.
Para a editoria de Política, levou Carmo Chagas, outra lenda do jornalismo brasileiro, fundador do JT, fundador de Veja, publisher de uma porrada de revistas da Abril. Como sub do Carmo, chamou Melchiades Cunha Júnior, ex-Folha, ex-JT.
Para a Internacional, chamou o Gabi, Gabriel Manzano Filho, ex-tudo – JT, Veja, Enciclopédia Abril, o escambau. Para ajudar a fechar a Inter, tinha o Castor, Eduardo Borgonovi e Silva, um gênio, ex-JT, à época publicitário na MPM, e que se divertia voltando ao jornalismo como free-lancer.
Para a Economia, botou como editor Pedro Cafardo e como sub Nair Keiko Suzuki, duas pérolas. Os dois seriam mais tarde editores de Economia do Estadão; Pedro seria também, mais tarde, redator-chefe, se não estou enganado.
A editoria de Cultura era um nojo de tanto luxo: Gilberto Mansur editor, e, como repórteres, Maria Amélia Rocha Lopes, Dirceu Soares e Marta Góes. E, como cereja extra, Geraldo Mayrink como repórter especial e crítico de cinema.
Era alguma coisa mais ou menos assim como a Seleção de Telê Santana na Copa da Espanha. Tinha um monte de craques, um monte inimaginável de craques.
Da mesma maneira que a melhor Seleção brasileira de todos os tempos naufragou na Copa, esse monte de craques do jornalismo fez uma revista que não deu certo.
Ah, sim: como nem toda Seleção é feita de craques, a esta besta aqui coube a editoria de Reportagem Geral. Tinha comigo Antônia Chagas, Mário Schwartz e Dagoberto Azzoni, se não estou enganado.
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Era um projeto ambicioso, arrojado, avançado: cada número da revista teria quatro capas, quatro edições diferentes: uma para o Estado do Rio, uma para o Norte/Nordeste, uma para o Sul, além da edição nacional, para o Estado de São Paulo, Minas, Goiás, Distrito Federal, Mato Grossos. Para dar a característica de edições regionais, um caderno central trazia matérias e serviço específicos para cada uma delas. Um trabalho insano, que ficou a cargo de Palladino. (Palladino, aliás, fez, depois de ler este meu texto, observações importantes, que estão aí abaixo, nos comentários.)
No começo, tudo foram flores.
Meu, o salário era bom! Meu salário como sub-editor do Jornal da Tarde era bastante bom. Fui pra Afinal com um salário, sei lá exatamente, mas no mínimo um terço maior. Era uma grana extraordinária.
Sim, era também trabalho demais. Minha editoria era a que tinha mais páginas da revista, e eu trabalhava feito um camelo, um dromedário, um mouro. Mas gostava do que fazia, e então era feliz, e, se tinha menos tempo para minha mulher e minha filha, quando estava com elas estava contente.
Algum tempo depois que a revista fez um ano, o dinheiro de Gustavo Cubas começou a acabar.
A revista Veja deu prejuízo à Editora Abril durante sei lá quantos anos. A Abril tinha uma estrutura extremamente sólida, e então pôde bancar o vermelhão da Veja durante muito tempo. Victor Civita era um visionário, sabia que sua aposta cara iria dar certo; bancou o prejuízo que a Veja dava durante mais de uma década, se não estou enganado. Aí aconteceu. A Veja hoje vê o mundo do alto de uma pilha de um milhão de exemplares, e deve provavelmente ser a revista mais lucrativa da Abril – se não tiver sido suplantada pela Vejinha São Paulo.
Gustavo Cubas tinha vendido para o Mitre a idéia de que tinha muito dinheiro para bancar a Afinal até ela dar certo.
Não tinha. Era mentira pura.
Os salários começaram a atrasar quando a revista ainda não tinha feito dois anos.
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Um a um, os colegas foram saindo. Eram todos competentes, experientes, profissionais respeitados. Não faltavam ofertas de emprego para as pessoas daquela equipe.
Fui um dos últimos a sair.
Sempre ouvi dizer que meu pai gostava da frase: Dou um boi para não entrar numa briga, mas dou a boiada para não sair dela.
Na verdade, nunca conheci direito meu pai, que morreu quando eu tinha 6 anos. Pelo que me contam dele, não seria uma pessoa que eu admiraria especialmente – era getulista, um tanto preguiçoso, um tanto fiscalmente irresponsável no trato de seu próprio salário.
No entanto, herdei dele essa coisa do dou um boi para não entrar numa briga, mas dou a boiada para não sair dela.
Quando o Mitre deixou a direção de redação para assumir a chefia de jornalismo da Bandeirantes, e o Sandro assumiu o cargo, eu até que tinha chance de achar emprego em outros lugares. Mas preferi ficar, porque era gostoso, era prezeroso fazer aquela revista, com toda a liberdade possível e imaginável, mesmo com os salários atrasando. Não me arrependo, de forma alguma, de ter ficado até praticamente o fim.
Os dois anos finais da Afinal, sem grana, provaram-se um belo exercício. Jornalistas que não estavam nas grandes redações toparam fazer matérias para a revista. Devo deixar necessariamente nomes de fora, mas me lembro de que Angélica Moraes, Mirian Ibañez, Tânia Regina Pinto, entre outros bons jornalistas, fizeram textos para a revista que não pagava nada, ou quase nada, pelos frilas.
Entre os que procuraram a revista para tentar emplacar matérias houve, inclusive, um sujeito chamado Ricardo Gandour. Por uma dessas ironias de que é feita a vida, Gandour seria o cara que substituiria Sandro Vaia na direção de redação do Estadão, em 2006 – o ano em que pude me aposentar.
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Sou uma pessoa de incrível sorte. Tive sorte na vida em tudo por tudo. Tive a sorte de trabalhar no JT com esse monte de gente extraordinária. Tive a sorte de trabalhar na Afinal. Tive a sorte de trabalhar com o Rodrigo Mesquita, o que acho que é o mais brilhante da família.
E ainda por cima de toda essa sorte imensa, gigantesca, tive a oportunidade de trabalhar sob as ordens de Regina Lemos, ela como diretora de redação da revista Marie Claire, eu como redator-chefe, muitos, muitos anos depois de ter sido chefe dela na Reportagem Geral do JT e termos tido uma bela paixão e um casamento conturbado.
E depois ainda tive a sorte de ter ao meu lado Mary Zaidan, a pessoa que me lembra a cada dia o que o Nelson Rodrigues dizia sobre o Dias Gomes: o cara não é o melhor texto sequer da cama dele!
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Bem, o texto deveria ser sobre o Gustavo Cubas, esse doido que se murió. Mas os meus textos acabam sempre sendo confessionais.
E acho fascinante que, neste sitezinho aqui que inventei, haja tantos amigos que participaram comigo da aventura da Afinal: em ordem alfabética, Anélio, Melchíades, Sandro, Valdir.
Como saímos da revista sem receber os últimos salários, e sem que o Gustavo tivesse depositado nosso FGTS ao longo de vários meses, entramos na Justiça do Trabalho contra a empresa – Melchíades, Antônia Chagas, Bernardo Carvalho (que tinha entrado para a equipe como editor de Internacional após a saída do Gabriel Manzano). Na audiência, o diretor financeiro, figurinha horrenda, ofereceu um acordo. O juiz homologou o acordo, por escrito: receberíamos parte do que a empresa nos devia dali a tantos dias.
Obviamente, a empresa descumpriu o acordo – não recebemos um tostão da grana que eles assinaram diante do juiz que pagariam.
Tentamos recorrer, pedimos que a dívida fosse executada.
Não acharam nada, absolutamente nada, nenhum bem em nome de Gustavo Cubas, que pudesse ser apreendido e leiloado para a quitação de dívida trabalhista.
¡Gustavo Cubas era esperto, coño!
Setembro de 2014
Quero mais, quero mais, quero mais, quero-quero mais, já que se trata de um texto, ou de uma obra in progress.
Afinal, um texto elucidativo.Queremos sempre mais! Famintos!
A partir de 1/1/2015 teremos muito mais!
Miltinho, não é que desta vez você falou uma verdade? A partir de 1º/1/2015, sem ter que compilar as Más Notícias do País de Dilma, vou ganhar duas tardes por semana para escrever outras coisas!
Sérgio, não sei como você consegue contar o nascimento,vida e passamento de uma revista de forma tão leve, boa, assimilável, bem- humorada. Mais, mais.
Valdir, e não é, rapaz?, que, ao reler mais uma vez o texto, para corrigir algumas coisinhas e acrescentar outras, que achei que ficou bom mesmo?
Será que corro o risco de, depois de velho, ficar metido?
Espero que não…
Sérgio
Servaz, amigão! Saudades. Teu texto sobre a Afinal está uma delícia. Tem gosto de quero mais. Sempre lembro com carinho daquela redação nos altos de uma lancheria na rua Maria Antônia. Eu recém tinha chegado de Porto Alegre para tentar viver de jornalismo (e de crítica de artes visuais) em Sampa. Foi uma delícia fazer frilas pra vocês. Lembro que ainda não existia internet e que eu levava pessoalmente as laudas datilografadas para minha editora Tonica Chagas ler e dar seus pitacos cheios da habitual irreverência e ironia sobre o mundinho enjoado das visuais. Quiz a justiça divina que minha querida amiga Tonica acabasse também adentrando esse mundo via frilas sobre exposições de artes em Nova York para o Estadão. E não é que a iconoclasta se demonstrou uma excelente repórter do antes no tão execrado setor? O que comprova que uma boa repórter (excelente, no caso) destrincha qualquer angu de caroço. Abreijos, Servaz!
Que nada, Servaz.
Acho que a gente vai ficando mais fluente, mais leve…
Afinal, bons textos a boas notícias a partir de 1/1/2015, SerVaz “rides again”.
Servaz, você não sabe a inveja que eu senti quando soube da ida dessa tchurma para a Afinal, eu já exilado em Roraima. Uma pena que a idéia, tão boa, tenha sido apenas uma aventura. Mas rende até hoje, como esse seu belo, sincero e tão bem escrito depoimento.
Angélica, lembrei de matéria que fiz para a Afinal sobre o paranormal Luiz Gasparetto, em 1986. Diante de platéia, ele psicografou um Toulouse-Lautrec em três minutos. E de quebra um Modigliani e um Renoir, cada um com uma mão, simultaneamente, um deles de cabeça para baixo.
É feito impressionante, que atribuo ao superdesenvolvimento motor de alguma parte do cérebro (não acredito em espíritos). As telas, pintadas com os dedos,lembravam as obras referidas, e a platéia se convenceu de que o espírito dos três pintores tinham baixado ali.
O texto ouve professores da Unicamp, que estudavam clarividência, ou visão remota. Bonito. Até que, fechando a matéria, há um texto de Angélica de Moraes. Título “Cheque falso”.
Olhem só: a deliciosa mensagem da Angélica, a mensagem do Valdir sobre o paranormal Luiz Gasparetto, o Plínio Vicente lá em Roraima com inveja da turma: a Afinal tem um monte de boas histórias.
Este site aqui é um pouco como a revista Afinal em seu final: é divertido de fazer, as companhias são as melhores possíveis, aqui também se escondem belos textos – e, em suma, a gente não ganha nada mas se diverte!
Sérgio
Anélio Barreto manda correção: a manchete do JT que deixou o Gustavo Cubas fascinado era “Eles estão nos procurando”, e não “Eles procuram você”, que era como eu me lembrava dela.
Correção feita. Mas, sei não, sei não. “Eles procuram você” não teria sido uma manchete ruim, não…
Sérgio
Só para situar quem não viu, a página mostrava, de alto a baixo, fotos de bandidos procurados. A manchete natural seria Procura-se, como em um cartaz de Faroeste (ou da ditadura, aqui). Mas o JT, o Mitre, não iam embarcar em uma obviedade dessas.
Assim surgiu a manchete publicada, perfeita, pois afinal aqueles sujeitos procuravam por nós, para nos atacar.
O texto original foi modificado, continua bom mas as confissões elucidativas sofreram correções.
Miltinho, de fato eu mexi e remexi no texto. Mas não retirei nenhuma confissão elucidativa. Você se lembra de alguma coisa que estava no texto e não está mais?
Um abraço.
Sérgio
Creio que as confissões sobre seu pai e sobre Regina sofreram modificações, uma palavra e uma vírgula fazem grande diferença.
Se murió!
Como sempre, o seu texto é brilhante meu amigo Servaz. Mas você esqueceu de dizer que todos os renomados jornalistas que lançaram a Afinal entendiam muito de jornal e absolutamente nada de revistas. Além disso, também não entendiam nada da administração financeira de um veículo de comunicação (basta dizer que o Gabriel Manzano passava de 4 a 5 horas todos os dias falando ao telefone como nossos correspondente no mundo inteiro -e, naquela época, as ligações internacionais eram caríssimas. Outra coisa que você esqueceu de dizer é que, logo após o lançamento da revista, Gustavo Cubas foi acometido por um câncer e foi se tratar em Miami, deixando a empresa à deriva. Dinheiro ele tinha… nós que não soubemos administrá-lo. De qualquer forma, para mim, a aventura Afinal serviu para que eu conhecesse grandes profissionais e fizesse amizades maiores ainda, como você, Sandro Vaia, Anélio Barreto, Ary Scheneider, Melchiades Cunha Júnior, Mauro Marcelo Alves, Fernando Mitre e outros que me fogem à memória, Abraços.
Trabalhei na Editora C Ltda. Conhecida Revista Afinal. Lamentavelmente tive que recorrer a justiça do trabalho. Até hoje aguardo a quitação do processo.
Uma vez ouvi – o que me parece razoável, que as agências não programavam Afinal como midia nas suas campanhas, porque a revista era do dono de uma agência, pra não dar força pra um concorrente.
Que interessante isso, José…
Nunca tinha ouvido falar nisso. Mas tem toda lógica, não é?
Muito obrigado por enviar o comentário e a informação.
Além de tudo, você me fez reler o texto. Aproveitei para fazer umas correções – porque sempre há correções a fazer em um texto – e acrescentar o ponto de exclamação invertido do espanhol no título.
Um abraço!
Sérgio
Fui correspondente em Belém.
Onde acho exemplares.
Acho que fiz matérias sobre Malária e o Caso Quintino (com colaboração de Paulo Roberto Ferreira).
Há muito tempo eu procurava a história da Afinal.
Fui o correspondente da revista em Belém do Pará, indicado pelo amigo Lucio Flávio Pinto ao Bernardo Kucinski. Uma matéria de Paulo Roberto Ferreira, meu colega de redação de O Liberal, emplacou a capa. Paulo foi o único jornalista que entrevistou o Quintino da Silva Lira (ou Armando Alves Lira). Conhecido como “Quintino Gatilheiro”, enfrentou grileiros na região da Belém-Brasília, na década dos anos 1980. Acabou morto pela polícia. A capa da Afinal: “A guerra do novo Lampião”. Na verdade, o personagem foi o protagonista da luta de camponeses contra posseiros, grileiros, fazendeiros e outros bichos que o próprio Estado protegia. O período final da ditadura foi um dos mais sangrentos da história de conflitos fundiários na Amazônia. História que continua tão sangrenta àquela. A Revista Afinal teve seus méritos nessa pauta.