Em pleno transe da Copa, vem um sujeito (este seu criado) falar em… comidinhas caseiras. Assunto descansado, mas como absorvê-lo na atmosfera de conflito e luta que está no ar?
Para não passar por alienado, conto meu susto ao ler na Folha de quinta, 26, os títulos sobre Suárez, o uruguaio que morde. Chamada na capa do caderno Copa: “Uruguai diz haver complô para que atacante seja suspenso”. Dentro: “Advogado nega mordida e diz que boca do atacante bateu no ombro do zagueiro italiano”. O susto: “Meu Deus! Contrataram um advogado do mensalão”.
As comidinhas apareceram ontem, quando D. Haydée resolveu fazer um creme de milho. Criação de momento, ao estilo de uma sopa. Até tomar a primeira colherada, tinha minhas reservas. Mas achei muito bom. Ora, pensamos; por que não fazer mais pratos simples, tradicionais, de São Paulo e Minas?
A primeira lembrança foi da canjiquinha. Há certo tempo (umas três décadas…) o Mário Marinho, que passou a se chamar www.mariomarinho.com , excelente colunista de esporte, nos convidou para degustar o prato, feito por ele e Vera, na casa deles. Tinha um bar com cadeiras dentro de casa, e a conversa agradável do mineiro. Belo momento…
Então, primeiro movimento: descobrir a receita da canjiquinha. Google? Nem pensar. Muita receita de prato típico apresentada por chefs ou restaurantes, nada autênticas. Desci o Dona Benta da estante. Edição de 1953, 539 páginas. Mas as comidas de Monteiro Lobato são paulistas…
Descolei, na cozinha, o volume Minas Gerais, da Abril Coleções. Lá está: “Coloque a canjiquinha em água e deixe de molho por uma hora. Esquente o óleo…” É a próxima atração. Se não estiver como a do Marinho e Vera, peço a receita a eles (ou à Mary, à Vivina, à Cássia Caldeira).
O Dona Benta tem muita coisa atraente. Na verdade, são pratos de origem variada, do angu de fubá ao leitão recheado, ao caranguejo, a lagosta.
Há algum tempo fiz matéria com Solange Cristina Barbosa, cozinheira de mão cheia em Taubaté, especializada em comida do Sítio do Pica-pau Amarelo. Ganhou o apelido de Tia Nastácia.
Vai a receita de um dos pratos que resgatou, muito antigo e simples, do Vale do Paraíba.
Roupa Velha
500 g de carne seca cozida e desfiada
1 cebola grande
2 dentes de alho picados
Cheiro verde à vontade
3 tomates bem maduros
125 ml de água
Leve ao fogo, numa panela média, a carne seca e todos os ingredientes. Deixe cozinhar em fogo baixo até formar um caldo bem grosso. Sirva com farinha de mandioca ou farofa e arroz.
Bom apetite!
27/6/2014
Receita fácil.
Conhecia a “roupa velha de bacalhau”.
Esta receita parece com o “barreado” do Paraná.
Vou tentar a “roupa velha” mineira, com a carne seca.
Miltinho, depois me conta o resultado.
Boa lembrança, Valdir; bons tempos.
A Vera ainda faz daquela canjiquinha, bem temperadinha, com costelinha e… dá-lhe uma boa cachacinha.
Abraços,
Mário Marinho
Olá, Valdir!
Sabe que – falta imperdoável – andei me esquecendo desse site do Sérgio?
Hoje, como havia muita matéria atrasada, resolvi selecionar pelos títulos. O seu ganhou, disparado! Canjiquinha, quem resiste? Não os mineiros, certamente. Morri de saudade, além de ter cada vez mais certeza de que essa vida já foi muito boa.
Adorei, não apenas o título, claro. E agora, vou atrás de meu segundo título, “velhos trapos coloridos”.
Beijo
Vivina