Na quarta-feira, exatos 1.550 dias depois de derrotar Chicago, Tóquio e Madri, o Rio de Janeiro anunciou mais mundos e fundos para a Olimpíada 2016, elevando o custo total do evento a R$ 36,7 bilhões. Quase R$ 8 bilhões a mais do que fora orçado em 2008 e, seguramente, cifra inferior à conta que virá daqui a 840 dias, quando os Jogos começarem. Assim como nas obras da Copa do Mundo, ainda inconclusas a 72 dias do pontapé inicial, promete-se que pelo menos 43% do orçamento olímpico será pago pela iniciativa privada.
Difícil crer.
Em 2007, quando Lula brigou pela Copa da Fifa, a lengalenga era a mesma. As garantias do capital privado vinham de todos os lados. O ex-ministro do Esporte, Orlando Silva, assegurava que o Brasil não gastaria “um único centavo” para fazer a Copa.
“Faço questão absoluta de garantir que será uma Copa em que o poder público nada gastará”, corroborou Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, ainda durante as comemorações da escolha do País como sede.
Hoje, o gasto direto de dinheiro público somado à pendura no BNDES beira o total da conta Copa, que ninguém sabe ao certo quanto somará. Fala-se de números que variam entre R$ 25 bilhões e R$ 35 bilhões, uma margem de erro considerável, inadmissível em qualquer país minimamente sério.
Acrescente-se aí a desfaçatez do atual ministro, Aldo Rebelo, ao afirmar que nas obras da Copa “não há recursos públicos, apenas empréstimos via BNDES”. Atenta contra a inteligência e desrespeita os brasileiros, que, ao fim e ao cabo, vão pagar a conta.
Além dos R$ 70 bilhões já previstos em orçamentos que crescem mais do que ervas daninhas a cada nova versão, os dois megaeventos esportivos encurtaram as calças do Brasil antes de seu início. Mesmo tendo pedido desculpas formais à presidente Dilma Rousseff pelo vocabulário chulo, não dá para esquecer a frase “o Brasil precisa de um chute no traseiro”, dita há dois anos pelo secretário geral da Fifa, Jérôme Valcke.
Agora foi a vez do Comitê Olímpico Internacional (COI). Em ato inédito na história dos Jogos Olímpicos, o COI se viu obrigado a intervir em uma cidade sede. Seu presidente, Thomas Bach, anunciou que vai contratar um administrador de projetos para coordenar e acompanhar as obras de perto. Em resumo, chutou o traseiro, sem aviso prévio.
Quando penhorou o que não tinha nem ia ter para conseguir trazer a Copa e a Olimpíada para o Brasil, Lula vislumbrou a consagração. Dele e do projeto de poder do PT. Apostou no binômio megalomania e ufanismo, quase imbatível nos governos populistas e em regimes totalitários. Nas democracias, podem se virar contra o jogador e acabar em um chute no traseiro.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 20/4/2014.
Deram um o chute no trazeiro quando do Encontro Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Estamos a 52 dias do novo chute no trazeiro . Teremos a copa, do resultado Lula e oposição pretendem colher os louros da vitória ou as lágrimas da derrota. Será HEXA ou FEXA?
As olimpíadas ainda estão longe, até lá novos chutes no trazeiro, mas os jogos serão feitos de toda a forma pelos novos gerentes, ou não?