Não é a primeira e por certo não será a última vez que o governo Dilma Rousseff transfere para outros a tarefa de corrigir os males provocados por um dever de casa que ela não fez. Mas nunca antes da história deste país um governo foi tão longe: quer aprovar uma lei para descumprir a lei.
A proposta de flexibilizar a meta fiscal enviada ao Congresso Nacional é obscena sob qualquer ótica.
Dilma gastou muito mais do que arrecadou por meses a fio. Passou a campanha eleitoral inteira mentindo que a economia ia bem, tratando qualquer crítica como mau-agouro de gente que torce pelo quanto pior, melhor.
A menos de dois meses do fim do ano, a recém-reeleita se vê forçada a confessar que não tem saldo para fechar as contas. Sugere mudar as regras do jogo pertinho do apito final, exigindo que o Congresso limpe a sua lambança.
Mais: pede arrego com a marca registrada da arrogância.
Nem Dilma nem os seus admitem qualquer erro na condução da política econômica. Ao contrário. Publicamente, ela faz pouco caso do tema: “Dos 20 países do G-20, 17 estão hoje numa situação de ter déficit fiscal”, disse em Catar, antes de seguir para a Austrália para o encontro dos 20 ricos que ela afirma estarem mais debilitados do que o Brasil.
Se assim fosse, por que então inventar uma lei de última hora para pintar de azul o vermelhão das contas públicas?
Na sexta-feira, em entrevista à jornalista Míriam Leitão, o ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, ultrapassou todos os limites. Arguido sobre a hipótese de rejeição da proposta, ele, sem qualquer constrangimento, transferiu a conta da irresponsabilidade governamental: “Se o Congresso não der autorização nós cumpriremos o superávit. É simples. Suspende as desonerações, corta os investimentos para as obras e para uma parte da economia. Nós vamos ter mais desemprego e ficará na responsabilidade de quem tiver essa atitude.”
Falou isso de cara limpa, como se ao invés de estagnação e PIB menor de 0,5%, o país estivesse crescendo horrores graças à indução das políticas públicas.
À obscenidade agregam-se à lei outros atributos da mesma estirpe. Se aprovada, não servirá a quem interessa, já que credores e investidores sabem que o anil do balanço é falso. Mas, de forma perversa, derrubará o instituto da responsabilidade fiscal também nos estados e municípios. Se a União pode, por que não os demais? Um desastre anunciado.
Ainda que a manobra arisca dos aliados para acelerar a votação indique a possível aprovação do projeto, o Congresso Nacional tem uma chance única de evitar a catástrofe. De mostrar que não se ajoelha para quem faz o diabo.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 16/11/2014.
Gastou demais com as empreiteiras, agora nas mãos do Congresso que se elegeu as custas de empreiteiras.
Como vai poder ajudar SP com 3,6 bilhões?
Sai dessa presidenta!
Nunca na história desse Brasil houve uma eleição em três turnos. Será que tucanada leva no grito ou melhor no golpe?
Sabem de nada os inocentes, o impedimento da Dilma implica no governo Temer que está quetinho vendo o circo pega fogo.
Ou será que a tucanada e o PIG quer uma quartelada? As manifestações da direita derrotada nas urnas explicam NOSSO MEDO!
Triste País. Não há, no momento, opções éticas, no que tange ao déficit/superávit:
– Se querem flexibilizar a meta do déficit, entram na imoralidade de estimular a gastança, inclusive com as Despesas Correntes (caneta, corretivo);
– Se mantém intocado o superávit/déficit, entregam-se a outra prática inteiramente anti-ética: o pagamento de juros ilegítimos de uma dívida ilegítima, mais imoral do que um crédito rotativo do Banco BraFresco.
Sabe daquelas dívidas que se iniciam com R$ 2 mil e aumentam para R$ 80 mil? Pagar os juros da dívida é tão imoral quanto…
NOSSO MEDO, Parece improvável o tucanato apoiar uma quartelada. Veja, o Carlos Lacerda apoiou aquela palhaçada de 1964, pensando que eleger-se-ia no ano seguinte.
Mas foi assassinado pelos milicos que ele apoiou. E está agora no Inferno, se remoendo de rancor contra os milicos e contra o Brasil, país que ele tanto odiou.
O tucanato aprende com os erros.