Os signos de Dilma

Administradora competente, gerente imbatível. Essa era a combinação projetada no tubo de ensaio dos marqueteiros para a presidente Dilma Rousseff. Mas algo saiu do esquadro e, ainda que goze de índices de popularidade recordes, a mítica figura de gestora de primeira de nada valerá para destravar a economia.

Investimento e PIB baixos, gastos públicos muito acima do razoável e inflação em elevação, especialmente para os mais pobres, vão exigir muito mais do que berros, autoritarismo e murros sobre a mesa, esses sim, ativos que a presidente tem de sobra.

A figura de gerente eficiente foi forjada ainda em 2008, quando o ex Lula, em campanha eleitoral antecipada, lhe conferiu o título de mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Ao aceitar o agrado, Dilma disse que se tratava de um “título simbólico” para evidenciar sua capacidade de coordenação. O PAC, como se sabe, tanto o primeiro quanto o segundo, continua empacado, mesmo com Dilma na cadeira máxima do Planalto.

Melhor, então, era esquecer essa história de mãe do PAC. Daí não sairiam mais frutos.

No primeiro ano como presidente, com a avalanche de denúncias de corrupção sobre gente do governo que herdara do padrinho Lula, Dilma agregou a figura da faxineira, aquela que não tolera malfeitos.

Até demitiu meia dúzia de auxiliares diretos. Mas sem muita firmeza e convicção, já que protegeu o amigo Fernando Pimentel.

O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio continua intocável mesmo depois de receber R$ 2 milhões por palestras fantasmas e de ser denunciado pela Procuradoria Geral da República por crimes de fraude em licitação e desvio de recursos quando era prefeito de Belo Horizonte.

Para encobrir o benquisto, Dilma interveio até na Comissão de Ética Pública, substituindo aqueles que queriam investigar o ministro.

Tal como a de gestora nota 10, apesar do PAC, a fama de faxineira pegou. Mas se a segunda é mais popular – faxina é algo que todo mundo entende – é a primeira que tem feito falta.

O ocaso na infraestrutura, as frequentes intervenções do Governo em empresas públicas, como na Caixa, BB, Petrobrás e Eletrobrás, que o digam.

A traquinagem contábil para cumprir a meta fiscal e a edição de Medida Provisória inconstitucional com créditos de mais de R$ 42 bilhões são elementos a mais para desmontar a lenda da competência de gestão.

Mantido o grau de eficácia do governo, Dilma terá de apelar para Saturno, regente de 2013, que, dizem os astrólogos, ensina tudo sobre “estrutura, responsabilidade e concentração”.

Ou para a serpente, símbolo de sorte, pelo menos para os chineses.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 6/1/2013.

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