Discos quebrados

Gostava que alguém me explicasse o motivo pelo qual os locutores de programas da TV não podem ficar calados mais de um minuto. Nos mais diversos tipos de programas, tem sempre um locutor tentando nos explicar aquilo que estamos vendo.

Precisa explicar? Por exemplo: “agora o Papa se encaminha para o altar”; “aí você vê a imagem dos cardeais reunidos”; “esse é o canto gregoriano”; “agora ouvimos a polifonia”; “o Papa Francisco não usa sapatos vermelhos, usa os sapatos dele mesmo”; o chefe de Estado é africano e o religioso que colabora com a apresentadora se confessa curioso sobre a língua em que estão se comunicando: “deve ser inglês”, conclui.

Na verdade, parecem discos quebrados.

E quando resolvem fazer tradução simultânea? Não se ouve nem o som original, nem a tradução. Não era melhor legendar?

Mas pior é durante a apresentação dos cantos litúrgicos. O telespectador quer ouvir a música. Se não quisesse, mudava de canal. Mas não pode, porque a direção do programa acha que ele precisa ser instruído sobre a música que ouve durante a execução da música. Informações, aliás, capengas.

Tão capengas quanto uma tirada do mesmo religioso que disse que Francisco foi escolhido porque não deve durar muito… Eu não sei onde ele viu o prazo de validade do Papa, mas pelo visto viu. Ele se mostrou o tempo todo preocupadíssimo com os 76 anos do Papa.

Ou a pergunta da locutora, antes ainda da cerimônia que já durava quase quatro horas e durante os cumprimentos dos chefes de Estado presentes na Basílica numa fila que ocupou o Papa mais de uma hora: “E depois dessa cerimônia, o que é que o senhor acha que o Papa vai fazer?”

Imagina se o padre respondesse o que eu responderia? “Pipi”.

19 de março de 2013

3 Comentários para “Discos quebrados”

  1. Se pudessem levar o microfone ao Papa certamente perguntariam: ‘Papa, o que o senhor está sentindo neste momento?”

  2. Imagino que seria um ^pipi” litúrgico, episcopal, bento, canonizado, apostólico, pipi do chico.
    Os locutores narrariam, abemos pipi!

  3. A grande sorte desses locutores tão loquazes é que não há cavalos em toda a parte.
    Mesmo assim, o que eles mais fazem é dar “bom dia a cavalo”.

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *