Quanto mais tenta se desenroscar mais o PSDB tropeça no seu próprio bico. Há mais dissenso do que consenso, o que dificulta o caminho da legenda para se tornar competitiva na disputa pela cadeira da presidente Dilma Rousseff.
O embate não tem fim: é Aécio Neves versus José Serra versus Geraldo Alckmin, nessa ordem e na ordem inversa. Nas hostes tucanas amassa-se fel como se o amargor não tivesse consequência alguma.
A convenção municipal de São Paulo, realizada no último domingo, é exemplo disso. Um acordo costurado entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Alckmin e Serra para levar o ex-ministro, hoje vereador Andrea Matarazzo, à presidência da sigla na capital foi derrubado, em cima da hora e sem aviso prévio, por secretários do governador.
Pior: a convenção se transformou em baixaria, com agressividade jamais vista entre os até então educados tucanos. Alckmin apressou-se a condenar o episódio, mas o estrago já estava feito.
A rixa no ninho paulistano agudizou-se em 2008, na eleição de Gilberto Kassab, hoje cacique maior do PSD. Em 2004, o aliado PFL impôs Kassab como vice de Serra, que, a princípio, detestou a escolha. Pensou até em desistir da candidatura.
Dois anos depois, Serra deixou a Prefeitura para concorrer ao Governo do Estado e Kassab, a partir de um acordo que previa o apoio de Serra na eleição seguinte, manteve a administração intacta, com o PSDB ocupando as principais secretarias.
Mas na hora do vamos ver rachou: parte apoiou Kassab, outra acompanhou Alckmin, que acabou derrotado. Daí para frente o tucanato nunca mais foi o mesmo em sua cidade-berço.
Eleito governador, Serra trouxe Alckmin para o seu secretariado. Desfilou com ele na campanha presidencial de 2010 e na de prefeito, em 2012. Tem-se então que a conta estaria acertada. Qual o quê. Cada dia a brigalhada acirra-se mais.
FHC até tenta pôr panos quentes, mas não há qualquer lamparina no fim do túnel, quanto mais luz.
Nas contas de Aécio, a cizânia paulista não é de todo má. Desgasta seus concorrentes internos, deixando-o pairar acima disso.
Com o patrocínio de FHC, obteve o apoio explícito de Alckmin para presidir o PSDB nacional e pediu a Andrea Matarazzo para que intercedesse junto a Serra.
Chegou a declarar publicamente sua preferência por Matarazzo para o diretório municipal. Imaginava uma costura firme.
Agora sabe que não era. Alckmin deixa os seus agirem para espantar Serra e sua turma. Fica imaculado e livre para se apresentar como alternativa ao senador mineiro, caso o preferido de FHC não decole.
Os adversários se divertem.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 22/4/2013.
Tudo que existe existe talvez porque outra coisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo..