Na terça-feira 2 de abril, a jornalista Ateneia Feijó publicou no Blog do Noblat um excelente artigo onde diz: “Uma diretora de escola de ensino fundamental é xingada de vagabunda e socada no rosto por um aluno adolescente sem causar nenhuma indignação pública. É tragédia anunciada.
Se nada for feito, os valores que orientam uma sociedade civilizada estão ameaçados de extermínio. Parece exagero, dramalhão. Mas é realmente aterrador o grau de indiferença diante do desrespeito e da banalização de violência praticados por crianças e adolescentes contra seus professores”.
Pois é, Ateneia, a tragédia anunciada acontece em episódios cada vez piores, a violência nas escolas chega a níveis jamais imaginados.
Ontem mesmo, um bando de alunos, meninos e meninas, no pátio da sua escola, se uniu para espancar um colega. De repente, a batalha se alastrou e já eram uns 50 se batendo e se socando.
Motivo da sanha assassina contra esse colega? Não foi revelado. Só se sabe que um irmão da vítima correu em seu socorro e que uma aluna tentou desesperada, de todo jeito, defender o colega.
As imagens foram divulgadas nas redes sociais e mostram alunos da escola Marechal Rondon, em Guará, SP, brigando no pátio, na hora do intervalo, com barras de ferro, pedaços de carteiras, o que lhes caisse às mãos. Veja aqui.
Até agora só o que aconteceu com os alunos-bandidos foi uma suspensão de 5 dias! Quer dizer, um feriadão!
Como sempre, durante alguns dias aparecem notícias de outros casos semelhantes que não chegaram a ocupar as manchetes na ocasião do acontecido. E são muitos. Mas, infelizmente, pouco a pouco outros assuntos ocupam as nossas folhas e as redes sociais e nada se faz para resolver esse problema que é uma ameaça ao nosso desenvolvimento.
A violência nas escolas, fruto da leniência com a indisciplina, já vem de longe, mas, como não tem sido convenientemente combatida, cresce assustadoramente.
Aliás, assistir a um jornal televisivo é passar um bocado de tempo ouvindo descrição de crimes de todos os tipos. Esse tipo de noticiário se sobrepõe a todos os outros…
Vocês não acham isso muito triste?
3 de abril de 2013
Sim acho tudo muito triste.Como conter a violência crescente da nossa sociedade?
Devemos admitir e contemporizar com a mídia da violência e do abandono cultural?
Até quando vamos admitir Globo, Estadão, Abril a divulgarem BBBs, MMAs, etc… impunimente.
As transformações observadas na sociedade brasileira desde a sua redemocratização devem ser analisadas a partir de uma perspectiva crítica capaz de mensurar os eixos de continuidade e descontinuidade que afetaram as instituições político-sociais.
Repensar a sociedade, causas e efeitos, é uma responsabilidade.
Esta tarefa para nós MarinaS de agora, pensando nas Marinas de 2033.
O país do auto engano.
Para psicanalista, recentes erupções de violência no Rio de Janeiro mostram que, sob a fachada do ufanismo desenvolvimentista, o Brasil esconde as velhas mazelas de sua modernização imperfeita.
Nascido em São Paulo e radicado no Rio, o filósofo e psicanalista André Martins Vilar de Carvalho vê nesses acontecimentos a ponta do iceberg do auto engano nacional.
Estadão – 06 de abril de 2013 | 16h 30
“Inclusive em relação ao Brasil, que vive uma espécie de capitalismo desenvolvimentista selvagem, que no fundo não quer gastar dinheiro com o social, interessando-se pelo lucro a qualquer custo. A violência que escapa nesses dois exemplos, dos rapazes da van e da assassina do menino, é proveniente de indivíduos que refletem um descaso social como um todo. Para usar um termo que tem origem na filosofia política do século 17, o Brasil pode até ter um contrato social, mas ele está muito corrompido. E o que não temos é um pacto social, não existe um discurso de construção de fato de um país para todos. O que existe e, mais triste ainda, é aceito, são interesses individuais ou de pequenos grupos mesquinhos, mas não uma disposição de
pensar o coletivo. A ideia do “cada um puxa a sardinha para seu lado” está legitimada socialmente no Brasil”.