Sempre que um novo escândalo vem à tona – e eles têm sido férteis e velozes como crias de ratos – , o script se repete. Primeiro, os envolvidos negam. Depois, buscam desqualificar o denunciante para diminuir o poder de fogo da denúncia e, em seguida, tentam explicar o inexplicável com a cartilha de sucesso recitada pelo ex-presidente Lula: todo mundo faz igual ou pior.
E todos, sem exceção, apostam no esquecimento. Do escândalo, não deles.
As declarações de quem está sob suspeita também seguem um padrão. Variam entre “punição exemplar”, algo que o país ainda não viu ser aplicada em roubalheira de dinheiro público, a “doa em quem doer”, explicitando, com todas as letras, que a dor é mais aguda quando atinge um companheiro.
Paralelamente, em escândalo sim noutro também se produz uma fartura de medidas ditas moralizadoras que são esquecidas na semana seguinte. Ninguém é preso. O preço máximo é perder o cargo. Nenhum centavo é devolvido. E tudo fica como sempre foi.
Quem se lembra hoje dos escândalos que derrubaram os ministros do Turismo, do Esporte ou do Trabalho, todos eles referentes a pagamentos indevidos a entidades sem fins lucrativos?
As denúncias de convênios irregulares de R$ 4,4 milhões apuradas pela Operação Voucher no Turismo, os desvios feitos em nome do Programa 2º Tempo do Esporte, as entidades fantasmas de treinamento de mão de obra. Na época, final de 2011, a presidente Dilma Rousseff não só demitiu os titulares das pastas, como baixou decreto sustando por 30 dias qualquer repasse a entidades civis e mandou a CGU apurar tudo, tintim por tintim.
Mas qual o quê. De acordo com o site Contas Abertas, as transferências do governo a instituições privadas sem fins lucrativos alcançaram R$ 807,5 milhões de janeiro a abril de 2012, 17% a mais do que no mesmo período do ano passado. Ou seja, depois de espernear, bater na mesa, fazer as vezes que exigia isso e aquilo, Dilma, em ano eleitoral, passou a gastar ainda mais com ONGs e afins.
E tudo passa quase que despercebido. Talvez pela proliferação de novos escândalos
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 13/5/2012.