Dilma teflon

Dilma Rousseff acaba de bater todos os recordes de popularidade para um governante em primeiro ano de mandato. Com 72% de aprovação pessoal, deixou para trás até o padrinho Lula, apontam os dados da última pesquisa CNI-Ibope, divulgada sexta-feira. Seu governo, aplaudidíssimo por políticas de distribuição de renda, ostenta confortáveis 56% de ótimo e bom.

Um feito fantástico para quem tem contato popular restrito e que, nos últimos meses, se viu enredada com auxiliares diretos tombados como pinos de boliche, insustentáveis diante de suspeitas de corrupção.

A pesquisa repisa o que já é sabido: a força inexorável da bolsa-família, base primeira dos pontos positivos que o governo alcança.

Os eixos negativos são alarmantes. Fossem ponderados com pesos diferenciados para os serviços essenciais, possivelmente o resultado seria outro: Saúde, reprovada por 67%, e Educação, por 51%, provam isso. Também mereceram notas baixas os altos impostos, os juros e o controle da inflação.

Mas a Dilma, nada perturba. Tem-se permitido até ao faz de conta, como se pudesse estar alheia às perturbações mundiais e aos indicativos preocupantes que o país dá.

Na entrevista aos jornalistas que a acompanham no dia-a-dia do Palácio – estrategicamente convocada para a mesma manhã em que a pesquisa foi divulgada -, a presidente assegurou que o Brasil crescerá entre 4,5% e 5% no próximo ano e que a inflação – que já fugiu do topo da meta – será domada.

Só se incomodou mesmo quando foi questionada sobre as estripulias do amigo Fernando Pimentel, ministro do Desenvolvimento.

Mas a Dilma, nada perturba. Está blindadíssima. Nisso, é igual a Lula. Nada cola nela.

Embora a corrupção tenha sido o tema mais lembrado espontaneamente entre os pesquisados, a maioria culpa os ministros e não a chefe maior do Estado. O resultado coroa a estratégia de vender a presidente como faxineira que não tolera “malfeitos”, mas que, na prática, só não os tolera de aliados que ela já considerava intoleráveis.

Parece até que não é dela a responsabilidade de nomear e demitir ministros, de deixar ou não o governo nas garras de abutres.

Dá-se até ao luxo de, para proteger Pimentel, reafirmar que as suspeitas que pesam sobre ele são coisas do passado e nada têm a ver com o seu governo. Logo ela, que se orgulha do diferencial de seu passado, da sua história de luta e resistência.

Com essa defesa cega, Dilma desrespeita a si e ao país. Trai aqueles que nela confiaram e que lhe renovam o crédito. Esquece-se que popularidade não é sinônimo de qualidade.

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 18/12/2011.

 

3 Comentários para “Dilma teflon”

  1. Desde que me foi permitido,(pode fazer os cálculos, tenho 83) deixei de ser eleitora, mas gosto de acompanhar a vida política do país, sempre gostei. Por exemplo: sou contra a movimentação forçada que foi, de apresentar a famosa e até agora malfadada ficha limpa. Ao invés de ser o povo brasileiro levado a apreciar as futilidades e baboseiras perdulariamente inseridas nos meios de comunicação, deveria a poderosa maedia ajudar na educação desse povo. Meu lema é: se você só vê novela não deve esperar que os outros lhe digam quem é isento de malfeitos ou não. Então, se o povo não sabe votar e vota na Dilma ou no Lula ´e porquê parte dessa ignorância política provém de seus educadores, com importância primordial dos meios de comunicação, preocupados com seus sucessos financeiros, muitos não tão limpos. Já votei em alguns desses que agora arremetem tanto contra bolsa família, etc… etc. mas eles também não resolveram os assuntos pendentes como negativos apontados na pesquisa que favorece Dilma. Portanto… quem acompanha a vida política do país não deveria dar tamanha nota a esses “desgostos”. Não tem jeito, o Brasil é absolutamente despolitizado… Só procura “política partidária” carregada de paixão e… portanto muito, muito tendeciosa. “Se eu gosto é porquê é bom”!!!

  2. Caríssima Maria,

    Você não consegue imaginar a alegria que tenho ao ver alguém, que já tem mais do que o direito de jogar tudo para cima (e não é só pelos 83 anos, que invejo, mas por tudo que já viveu e experimentou), gastar tempo comentando texto meu.

    Política, dizem, é cachaça. Digo que é o alicerce da democracia. Só os verdadeiros democratas gostam dela. Assim como você, em suas poucas palavras demonstrou. Sabe, um dos nossos maior problemas são os que votam e acham que só precisam votar, nada mais. Politica é muito mais do que isso. Você, que hoje não vota pode, ao fazer um comentário aqui e outro acolá, contribuir muito mais do que muitos que vão lá na urna, votam, e nunca mais querem saber de nada.

    A plenitude do exercício político – no voto e além dele – está associado a educação. Algo que, infelizmente, ainda estamos anos luz de distância.

    Me desculpe se me alonguei. É que comentários como os seus são raros e, de verdade, me enchem de alegria.

    Beijos,
    Mary

  3. OK Mary, Tenho o privilégio de ter nascido e crescido num ambiente muito atento a tudo.Assim como meus irmãos e eu, aconteceu com meus filhos e, agora,com os netos, todos “ligadões”. Agradeço sua atenção e aproveito para desejar-lhe Boas Festas.

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