Lula manda os lulo-petistas baterem mais – e tudo bem?

O que Lula fez nesta quinta-feira, 21 de outubro, foi um dos maiores absurdos que ele já cometeu – e olha que ele já cometeu muitos absurdos.

Foi um dos maiores absurdos da história do Brasil – ele, que está sempre a dizer aquelas com frases com nunca antes na história deste país, que acha que o mundo começou no dia em que assumiu a Presidência.

Ao dizer, em mais um dos seus discursos diários, que a agressão a José Serra em Campo Grande, no Rio de Janeiro, na véspera, foi uma “farsa”, uma “mentira descarada”, igual à do goleiro chileno Rojas, Lula não apenas provou, de novo, que é capaz de dizer todo tipo de imbecilidade. Que tudo o que fala não tem qualquer tipo de lastro com a realidade. Não apenas provou, de novo, que em vez de presidente do Brasil ele é um cabo eleitoral 24 horas por dia, 365 dias por ano – de si mesmo, ou da fantoche que impôs goela abaixo a seu próprio partido e do país.

Foi ainda pior. O que ele fez, como cacique partidário, como caudilho, como capo mafioso, foi incitar seus seguidores – e eles, infelizmente, são muitos, como foram e são os de Mussolini, de Stálin, de Mao, de Perón, de Fidel, de Chávez, Evo, de Ahmedinejad – a bater mais e mais.

O que Lula disse à petralhada, em discurso no Rio Grande, cuspindo seus perdigotos – e era de manhã, provavelmente nem estava bêbado –, foi isto: bolinha de papel ou rolo de fita na cabeça do candidato, enfrentamento na porrada, é pouco. É preciso bater mais.

Na verdade, o que Lula disse foi quase o mesmo do que José Dirceu, o técnico de seu time, o chefe da quadrilha, na definição de ministro do STF, já havia dito durante campanha para o governo de São Paulo, na época de Mario Covas.

A diferença é que, ao menos teoricamente, Lula é presidente do país.

Nunca antes, não apenas neste país, mas talvez em toda a história da humanidade, um chefe de Estado e de governo incitou tão claramente seus seguidores a partir para uma agressão física ainda maior dos adversários – que, para eles, não são adversários, são inimigos mortais.

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Fiquei horrorizado ao ver, pelas reações das pessoas no Twitter, durante a tarde de hoje, que ninguém parecia perceber direito a gravidade da fala de Lula. As pessoas diziam que ele é assim mesmo, que eles são assim mesmo.

Verdade, eles são assim mesmo.

Mas o que aconteceu hoje foi o estabelecimento de um novo marco, um marco muito mais perigoso do que tudo que havia sido feito antes.

O presidente da República, o chefe de Estado e governo, declarou guerra aberta à oposição – e, sem qualquer sutileza, mandou seu povo bater mais forte.

O problema é a dormência. O vício. Lula já tinha extrapolado tanto, tantas vezes – tinha, por exemplo, ridicularizado a Justiça Eleitoral tantas vezes – que as pessoas vão se acostumando. Vão se entorpecendo. Vão ficando insensíveis.

Gente! Vamos pensar um pouquinho. Um dia depois que uma passeata do candidato da oposição foi agredida, o presidente da República discursa dizendo que o que aconteceu foi uma encenação, farsa!

O país inteiro viu as imagens, viu o tumulto, a agressão – e o presidente da República diz que isso é uma farsa, que isso não é agressão alguma!

O presidente da República acusa um médico conceituado de ter participado de uma farsa!

O Jornal Nacional deste mesmo dia tristemente histórico destruiu, ponto por ponto, os argumentos do lulo-petismo – mas nem é isso que importa, se foi bolinha de papel, se houve dois momentos de agressão, se no segundo momento houve outro objeto.

O que importa é que o presidente da República discursou dizendo que houve uma farsa. Ou seja: pediu pra patralhada bater mais.

E a gente acha que isso é normal, que o Lula é assim mesmo, e tudo bem?

21 de outubro de 2010