há verdades
espalhadas pelo mundo.
umas escondidas e outras iluminadas e num pedestal.
algumas cheias de mentiras,
outras contendo uma apenas verdade.
algumas que vistas daqui são mentiras
mas verdadeiras se vistas de lá.
há outras que vice-versa.
e outras ainda, que mentirosas, se vistas de lá ou de cá
por serem verdadeiras só por dentro.
há as que não o são hoje mas já foram
e aquelas que nunca foram e nunca serão
por serem apenas anseios de verdade.
há as que são mentiras se viradas ao avesso
e aquelas rebeldes
verdadeiras por todos os modos.
houve um tempo em que a verdade precisava
de deuses
ou de deus
para se impor.
e veio o tempo em que a verdade cresceu
e apareceu inusurpada
como sempre fora.
há verdades peregrinas
que vêem em busca do homem que busca
e as há também fincadas no seu lugar
à espera daquele que está por chegar.
há as que dormem e acordam mentiras
e há as irrequietas que não dormem nunca,
de medo;
essas são esquecidas no meio das teias da História.
há as que são brinquedos nas mãos das criaturas
e há as que ferem e machucam.
há as que se fingem de mentira
e conseguem enganar.
e há as que se fingem de mentira
e são facilmente desmascaradas
bem como há aquelas
carregadas de dignidade
que não aceitam tais brincadeiras.
umas precisam de jóias e flores e adereços
e outras se mostram nuas.
há as amargas e difíceis
e outras doces.
há as minhas
e as tuas
e as nossas
e as deles
e as de poucos
e as de tantos
e as de todos
e as que não pertencem a ninguém.
há verdades
espalhadas pelo mundo.
A Espécie Humana, romance de Jorge Teles, está sendo publicado em capítulos.
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