no meio dos meus papéis, eu encontro:
quando a tensão é insuportável, o homem fantasia; fantasia durante o sono para metabolizar o turbilhão mental – o sonho; fantasia para evitar a total fragmentação entre o seu corpo físico e aquilo que entende por alma ou espírito ou consciência – a culpa é do mundo, cuja realidade pretende esmagá-lo – a loucura; fantasia porque precisa explicar a assombrosa existência: por que estou aqui, por que existe o mundo – a religião; fantasia dentro do que entende por pensamento ou raciocínio ou lógica, posso inventar um sistema alucinado, tudo é matéria, tudo é idéia, tudo é sombra, tudo é nada, tudo é tudo, desde que feche o sistema num outro sistema que não se contradiga – a filosofia; e fantasia por opção, criando universos particulares, brincando, jogando, sabendo todo o tempo que tudo é mentira – a arte.
as cinco faces da fantasia: o sonho, a loucura, a religião, a filosofia, a arte.
um amigo meu, mais tarde filósofo, acrescentou: a ciência também. não seria este aspecto da ciência um ramo da filosofia?
quanto papel, quanto escrito! vou dormir.
A Espécie Humana, romance de Jorge Teles, está sendo publicado em capítulos.
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