O delegado Guilhermino desceu da viatura e constatou: a placa ainda estava lá. Apontou para o tira ao seu lado:
– Olha lá. Rodízio. Promoção por tempo limitado. Cem reais. É um crime, eu não disse?
Provas. Doutor Guilhermino não queria nenhum descuido. Faria um flagrante bem feito, para advogado nenhum derrubar na Justiça. Chamou o fotógrafo da Polícia Técnica.
– A placa. Manda brasa nas fotos. Cuidado para não chamar atenção.
Reuniu os tiras:
– O plano é o seguinte. O Edgar vai entrar com o microfone escondido embaixo da camisa. Entra e começa a perguntar. Quando os caras confirmarem os cem reais, e começarem a servir o rodízio, nós damos o fecha e encanamos. Alguma dúvida?
O policial Soares, um novato, levantou o braço.
– Hoje é Sexta-Feira Santa, o senhor esqueceu? E se eles não estiverem funcionando?
– Que santa, que anta, nada. Essa gente não liga para isso. O que quer é faturar. Não vê que as luzes estão acesas?
Deu a ordem. Edgard, com o microfone, entrou.
– Boa noite, meu amigo – disse o gerente.
– Boa noite. O rodízio está funcionando?
– Perfeitamente.
– O preço…
– Cem reais, como está na placa.
Faltava a prova.
– Vou aceitar – disse Edgard.
– Muito bem, muito bem. O senhor vai querer primeiro a loira, a ruiva, a mulata ou a nissei?
Guilhermino mandou invadir. Não sobrou uma única luz vermelha.