Essa frase pode ser usada em várias situações, mas a mais comum é aplicada à mãe que sempre vai achar que seu filho é lindo e perfeito.
No episódio do julgamento da quadrilha que arquitetou e quase concluiu – não fosse pela incompetência − o golpe contra a democracia, quem está fazendo o papel da mãe que acha tudo lindo no filho é o presidente do PL Valdemar Costa Neto. No caso, o filho é o ministro do STF Luiz Fux.
O probo Valdemar, agora com a corda no pescoço, já que foi reaberta a investigação sobre as acusações que carrega nas costas neto, como a de fazer parte de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, não se cansa de rasgar seda para o ministro arregão Luiz Fux.
O presidente do PL, que deve ter algum diploma oculto de bacharel em Direito, disse que Luiz Fux, o ministro do Supremo que votou contra quase todas as condenações dos réus envolvidos na trama do golpe, deu um “show”, uma “verdadeira aula de direito”.
Ora, seu Valdemar, todo mundo viu o malabarismo que o ilustre ministro teve de fazer pra não “ver” as provas que estavam nas suas fuças. Todo mundo viu como ele acabou se indispondo com seus colegas, não por divergir, o que seria normal numa Corte, mas por colocar em dúvida as decisões tomadas por eles baseadas em provas e fatos mais do que explícitos. Ele quis fazer parecer com que Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Carmem Lúcia e Cristiano Zanin fossem os vampiros do STF, ávidos pelo sangue do Bolsonaro (credo!!!), e que ele seria o detentor da idoneidade da Corte, com seus votos acintosamente puxa-sacais.
Ficou tão feio pra ele que até pediu pra sair. Não há mais clima pra ele nem na turma do Supremo, nem em lugar algum.
Só que mudar de ala não vai impedir que o sambista mude sua imagem. Nessa Escola de Samba, quem dança fora do ritmo é eliminado do bloco. Fux até poderá conseguir desfilar pela escola Va-Vai Com as Outras ou no bloco Cordão dos Puxa-Sacos, mas a imagem de arregão vai junto com ele. Não tem jeito!
Sobre os motivos que levaram Luiz Fux a escorregar na banana, ainda não temos dados claros. Quer dizer, apesar de declarar publicamente seu amor ao Bolsonaro, não se sabe exatamente se vai levar algo em troca.
Se seu argumento fosse o de não querer condenar um ex-presidente, não vai colar, já que votou por condenar Fernando Collor de Mello em 2023 por corrupção.
Seria então por medo de perder seu visto americano? Ou, como se viu num meme que circulou nas redes sociais, seria porque está com medo de ter suas perucas super-taxadas pelo laranjão? Vá saber.
A única verdade que aparece aqui é que Valdemar Costa Neto acha lindo o que seu ministro predileto fez. Por mais horrendo que sejam ele e as sentenças dele.
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 24/10/2025.