Amores

Depois do namorico telefônico de meia hora de Mr. Trump e Luiz Inácio, com juras de amor de parte a parte e promessas de se encontrarem em algum lugar do mundo para um tête-a-tête, não sei se vai ficar bolsonarista assobiando contente por aqui ou nos States.

Hoje eles vão fazer uma  manifestação na praça dos Três Poderes, em Brasília. Duvido que levem bandeirão dos States ou cartazes de Mr. Trump. Mas tudo pode acontecer quando a boiada passa da porteira. Até golpe de estado. Devem pedir Luladrão na prisão, como sempre. Mas o mote oficial é livrar da prisão o próprio chefe, pois que a Terra não é mais plana e o mundo dá voltas e voltas. 

Em 2018 quem estava preso era o Luladrão, em 2026 será o Bozó. Quer Mr. Trump goste ou não goste. Quer o bolsonazismo arranque os cabelos ou não. O destino está traçado e é inexorável. Mas não irremediável. Porque o Bozó pode ganhar prisão domiciliar, olha quem! 

Sugiro que seja na casa de Fernando Afonso, dileto amigo trancafiado pelo STF no alto de uma cobertura com vista para o mar azul- verde-esmeralda das Alagoas. Que fazer? Nem sempre o STF acerta: às vezes escreve torto por linhas tortas. Não poderão ir à praia, mas tem piscina na cobertura. Só que a tornozeleira eletrônica pode dar choque e é melhor não tentar um mergulho. Vai que…, e aí está feita a grande cagada nacional: dois ex-presidentes brasileiros eletrocutados au bord de la piscine. Com as tornozeleiras do STF! 

Sosseguem, isso não vai rolar. É coisa da minha malvadeza  imaginativa. A prisão domiciliar é pessoal e intransferível. Como o CPF e o RG. Ainda não inventaram a prisão domiciliar à deux. Mas pode tomar banho de sol o dia inteiro, oh que maravilha! 

Mas, voltando para o namorico presidencial, noto que Mr. Trump ficou entusiasmado com a perspectiva de mandar a Melania catar coquinho. Ela  tem cara de mulher que fica no pé do coitado. Já a vi dar uns chega pra lá nele. É do tipo que não dá colher. 

Vai daí, os dois tão a fim de marcar um encontro bem longe, em Kuala Lumpur, que vem a ser a capital da Malásia, lá nos cafundós da Ásia, aproveitando que haverá uma reunião da Asean, uma espécie de Mercosul do Sul da Ásia, aquelas chatices. Assim, a Melania não enche o saco e a Janja… bem, essa eu não sei se vai deixar o maridão leve e solto na romântica Kuala Lumpur (adoro esse nome!). Dou um pirulito de urtiga braba para quem disser que, com Trump ou sem Trump, ela já não está fazendo as malas… Não perde uma! 

Falando sério, o Trump está louco para trocar alianças com Lula e  abocanhar nossas terras raras e, em troca, zerar as tarifas das nossas  exportações para lá. Ele não aguenta mais os gringos reclamando dos preços do café, do suco de laranja, da carne, do hambúrguer, o escambau. 

E o pior já aconteceu, segundo a Amcham: a grande maioria dos exportadores brasileiros já encontrou novos mercados para seus produtos. O tarifaço trumpista não serviu pra nada aqui. 

O que restou foram as sanções aos ministros do STF, da AGU e da Saúde, que ficaram sem vistos para a Disney. Xandão e esposa ficaram também sem cartão de crédito Visa, Master ou American Express. Em compensação, o Bradesco lhes deu um cartão Elo e travelers checks à vontade. 

Como nem as sanções deram resultado, Mr. Trump deve recolher a viola ao saco e ir para a mesa de pôquer jogar suas fichas nas terras  raras. Lula vai topar, mas sob condições: os insumos derivados da exploração das nossas jazidas devem ser fabricados aqui e os produtos finais possibilitados por esses insumos também. 

Vamos ficar cheios até a tampa com produtos de ponta e alta tecnologia. Para vender com exclusividade aos EUA, claro. Que seja! Mas com alto valor agregado. E com a obrigação de serem utilizados para fins pacíficos, evidentemente. Sem essa de uso bélico ou militar. 

É pegar ou largar. 

Nelson Merlin é jornalista aposentado e crente na capacidade do Brasil de fazer grandes negócios, mesmo que ninguém acredite muito nisso. 

7/10/2025

     

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