Mesmo tomando Omeprazol, Mylanta, sal de frutas, chupando pastilhas de magnésia bisurada, pra não enjoar, fica difícil falar da deputaiada que, na calada da noite, aprovou a vergonhosa PEC da Blindagem nesta última terça-feira.
É nojenta e assustadora essa assombrosa votação a favor da impunidade deles próprios. Além dos deputados da oposição, 12 deputados do partido do presidente também deram o sim para essa pouca vergonha. E se eles aprovaram a gente já desconfia que é porque têm acertos pra fazer com a Justiça, né mesmo? Como diz o ditado, quem tem u, tem edo.
Isso quer dizer que qualquer um deles pode cometer um crime, seja lá qual for, do mais leve até o hediondo, que estarão protegidos pelos colegas que vão decidir se o criminoso deve ou não ser acionado pela Justiça.
Alguém já ouviu falar se essa bandalheira existe em algum lugar do mundo? Pois eu não! Os homens colocados lá pra defenderem o povo, trabalhando única e exclusivamente pra se defenderem, só aqui na Banânia mesmo. É o ó do borogodó!
E nem bem passou o primeiro impacto dessa votação, lá vêm eles de novo soltando fogos pois conseguiram botar a pauta da anistia sobre a pilha de projetos a serem votados, esquecidos ou abandonados já que não se beneficiariam com eles.
Cambada, corja, súcia, caterva, horda, malta (esse coletivo em particular me lembra alguém. Coincidência, será?), e outros adjetivos menos publicáveis são pouco pra nominar essa quadrilha que ocupa nosso Congresso Nacional.
Bom, parece que já está passando o efeito de todos os remédios que tomei pro estômago. Não consigo mais escrever sobre isso sem ter náuseas, então vou mudar de assunto. Não que esse não seja igualmente nauseante, mas pelo menos é mais divertido.
É engraçado ver como a família Bolsonaro pula que nem pipoca pra fazer um drama sobre qualquer acontecimento na casa. O papi foi internado recentemente com sintomas que qualquer brasileiro poderia ter e que, na maioria das vezes, resolveria em casa com um chá de boldo ou com um antiácido.
Mas algum proveito teriam de tirar da situação. Sabendo que era pouco pra criarem um clima de comiseração, seu filho Flávio vestiu sua máscara de piedoso, de um grande sofredor, e jogou sobre os homens de boa vontade (haja boa vontade pra engolir esse papo) a teoria de que o câncer de pele detectado no seu pai era decorrente de perseguição.
Ahn? Que história é essa?
Primeiro que seu pai não é um perseguido. Ele é um criminoso que foi condenado a pagar pelos seus atos. E segundo: desde quando perseguição causa câncer? Se fosse assim o 007 teria a pele do corpo inteira carcomida por carcinomas.
Em sua página no Xtudo, ex-Twitter, o senador Flávio Bolsonaro publicou a seguinte nota, na maior cara de pau: “Meu pai já lutou batalhas mais difíceis e venceu. Essa não vai ser diferente. Pode ter certeza de que isso é resultado da perseguição incessante desde que Jair Bolsonaro ousou desafiar o sistema de frente e lutar pelo Brasil. (Isso não é uma confissão de tentativa de golpe?). Mas quem tem Deus (novamente usando Deus em seus discursos mas agindo como o Diabo) e o povo ao seu lado, não teme nada e a ninguém”.
Menos, né, Flávio. Pode ser que essa sua conversa mole convença o gado, mas qualquer pessoa minimamente instruída sabe que andar horas de jet ski no mar, sem os devidos cuidados, pode ser uma das causas da doença.
Conta outra, Mané! Vai ver se eu tô na esquina. Mugindo.
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 19/9/2025.


Pois é, sempre a lesma lenda!