Depois da megaoperação nacional contra o PCC, que há muito anos vem se infiltrando na política e na economia formal, a pergunta que não quer calar é se foi o PCC que se meteu na Faria Lima ou se foi a Faria Lima que se meteu dentro do PCC.
Enquanto se desdobram os acontecimentos, uma coisa é certa: não parece que foi de graça que a ultradireita se insurgiu, politicamente, contra o monitoramento de movimentações atípicas por Pix no começo deste ano.
A ação dos radicais manteve livre o caminho para todo tipo de falcatrua, como essa que a Polícia Federal trouxe agora à luz. A mesma liberdade sem limites que a direita quer para a internet, quer também para o Pix — que ia ser controlado, o que lhes dá arrepios, e não tributado, como maldosamente acusavam os detratores.
A intencionalidade dessa campanha deve ser investigada. Não fosse a fake news do Chupetinha, a operação desta quinta-feira teria sido deflagrada há muito mais tempo, sem dar mais fôlego para o crime organizado agir.
Indiretamente, o governo federal também tem sua parte no atraso, ao recuar de forma constrangedora e inexplicável ante a boataria disseminada pela fake news do desqualificado personagem surgido dos cafundós de Minas Gerais.
Agora, tenta-se corrigir o erro com a reedição da mesma norma da Receita Federal que deveria estar valendo desde então, para barrar a lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros.
Faço votos que tenha sucesso e não haja recuos. O crime organizado só será vencido se forem fechadas as torneiras da dinheirama que escorre para seus cofres e, sabe-se agora, via fintechs e empresas de investimentos suspeitas de assaltar a sociedade sem precisar dar um tiro sequer.
E algumas funcionavam dentro dos mesmos endereços da Faria Lima que se dedicam aos negócios formais e ao apoio incondicional a políticos da direita e da extrema direita, agraciados volta e meia com pesquisas eleitorais pra lá de suspeitas, entre outros obséquios.
A estes da Faria Lima juntam-se ruralistas extremistas que despejam dinheiro em figuras da direita, entre as quais o atual governador paulista, que de paulista não tem nada, a não ser o endereço de um primo creio que em Guaratinguetá, como li à época de sua campanha, se não me falha a memória.
Uma dessas “filantropas” endinheiradas do agro tem agora muito a explicar sobre a origem do dinheiro que entregou à campanha dele em 2022.
Nelson Merlin é jornalista aposentado e sempre indignado com os abusos da direita e as mancadas da esquerda entre nós.
29/8/2025
