As bolsonetes

As bolsonetes entraram no palco sem pedir licença ao Chacrinha. Tomaram na cabeça. O Chacrinha mandou fechar as portas de acesso ao palco e agora terão de rebolar em outra freguesia. 

Não falo em Chacrinha para desmerecer o Congresso Nacional ou seu presidente, que de súbito tomou atitude das mais acertadas. Muito menos pretendi depreciar o grande comunicador do rádio e da TV, líder de audiência por décadas. Tampouco  quero menosprezar a beleza das chacretes, escolhidas a dedo pelo Velho Guerreiro. 

O que eu quero dizer é que as bolsonetes não merecem nenhum respeito do distinto público. Primeiro porque não são do agrado de todos. E para ser chacretes, as dançarinas e animadoras de auditório do Velho Palhaço tinham que ser unanimidades nacionais. 

Segundo, porque as bolsonetes foram escolhidas para a função por gente que não representa o Brasil, e, como se vê agora, o que gostam mesmo de fazer é rebolar para o laranjão de laquê! Traidoras da pátria, é o que são. 

As bolsonetes representam o que há de pior por aqui e por lá, tendo sido “elevadas” a essa categoria por uma falha das democracias em se proteger das ratazanas de esgoto que emergem das profundezas e assolam a humanidade. 

Terceiro, não há beleza nas bolsonetes, cada uma pior que a outra. São figuras picassianas, propositadamente tortas, coisas criadas para semear a feiúra, para atentar contra o bom gosto, para agredir a lógica e “elevar” a mentira ao mais alto pedestal do “saber”. 

Se não vejamos. Falam indignadas que o Bozo, ou Bozó, não sei bem, é um perseguido político. 

Ora, o sujeito elegeu-se quantas vezes quis desde a década de 80 do século passado. Primeiro com voto em papel e pouco depois com voto eletrônico. Nunca tinha perdido uma eleição. Aí perde uma, a última, tenta um desastrado golpe de estado para continuar na cadeira, inclusive com o assassinato dos eleitos e de um ministro do STF. O golpe fracassa. Foge para os States, volta semanas depois como se nada tivesse acontecido, nem antes nem durante o 8/1, saracoteando livre por aí. Dois anos depois é processado nos termos da lei com fartura de provas, muitas oferecidas graciosamente por ele mesmo, e vai a julgamento cercado de advogados, durante o qual se sente tão bem que chega a convidar o juiz para ser seu vice em 2026. 

E aí vira perseguido do STF?!?!

Onde estão os maus tratos? Quais dos direitos humanos lhe foram negados? Nem o de mentir lhe foi interditado. Disse o que bem entendeu dizer. Negou fatos e condutas públicas e notórias nos seus quatro anos de desgoverno. Disse que não fez nada, que a denúncia da PGR é uma fantasia e saiu todo pimpão da sessão. 

As bolsonetes ficam também indignadas porque o infeliz foi proibido pelo Xandão de falar com o próprio filho, esse que está lá nos States conspirando com o bando do Tramp para causar — por meio de mentiras — o maior prejuízo à economia brasileira nos 525 anos de história do nosso país. 

Mas alguém já viu um juiz permitir que o chefe de uma quadrilha sob investigação fale com seus comparsas? Nem que a vaca tussa! Papai Jair não pode falar com seu filhote Bananinha porque são comparsas no mesmo processo. Simples assim. 

Não parece que Jair escolheu ter filhos. O que mais parece é que escolheu ter comparsas — dada a  notória sucessão de malfeitos protagonizados pela famiglia. Não pode se queixar, agora, de se ver impedido de falar com um deles. A peninha que as bolsonetes estão sentindo por ele é falsa como um Pix de 50 centavos. 

Finalmente, minha última razão para execrar as bolsonetes é que seu chefe imediato atende pelo prenome Sóstenes. Pastor evangélico e alucinado, não tem nem as menores credenciais para ser um sucessor do inesquecível e cordial Abelardo Barbosa. 

Considero essa uma usurpação inaceitável. 

Fora Sóstenes! 

Fora bolsonetes! 

Nelson Merlin é jornalista aposentado e ex-macaco de auditório dos programas do Chacrinha. 

23/7/2025

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