No dia dos seus 50 anos, Fernanda acordou bem cedo, botou tênis e fez uma das coisas de que mais gosta na vida: correu. Coisa básica, 10 quilometrinhos, a 9,0/hora.
No dia dos 50 anos da minha filha – meu Deus: demi siècle déjà! –, acordei pensando nela, é claro, e na vida o amor a morte. Me vieram à cabeça aqueles três mantras criados pelo Walter Franco:
* “Tudo é uma questão de manter / A mente quieta, / A espinha ereta / E o coração tranquilo.”
* “Viver é afinar o instrumento / de dentro pra fora / De fora pra dentro. / A toda hora, / A todo momento.”
* “A 60 minutos por hora, / Sem pressa nem demora. / A 60 minutos por hora / Pela vida afora.”
A receita a gente tem. O duro é saber seguir a receita direitinho, não errar em nenhum ingrediente, pra coisa não desandar.
Fernanda, felizmente, maravilhosamente, graças ao Deus em que ela não acredita, tem sabido seguir a receita.
Não que a mente fique muito quieta, que esse quesito aí é difícil demais. Mas ela mantém a espinha ereta e, diacho, o coração tranquilo.
1977
1993
2002
2016
Já escrevi isso uma vez, mas não tem jeito, vou repetir:
Quando Fernanda estava no auge da adolescência, Mary, que havia surgido na vida do pai dela e portanto também na dela, a ajudou a trabalhar a difícil arte de enfrentar adversidades.
Fernanda teve e tem mais adversidades na vida do que a cota normal de uma pessoa.
É verdade que também teve muitas sortes. Ter tido aquela mãe que teve, aquela pessoa especial. Ter encontrado na vida o Carlos. Os dois terem tido a Marina, esse ser de luz resplandecente. Mas, diabo, foi adversidade demais. Perda demais – a mãe e tia quase de uma vez só, e cedo demais, a avó querida, o irmão duas vezes.
Felizmente, maravilhosamente, graças ao Deus em que ela não acredita, soube e sabe enfrentar as adversidades. Encontrou um instrumento – a corrida, a disciplina do exercício –, e segue, a 60 minutos por hora, sem pressa nem demora, afinando o dito cujo.
Lá da nuvem dela, Suely acompanha pecando de orgulho.
Como eu.
Minha mente não consegue ficar propriamente quieta, mesmo eu tentando muito, mas o coração, felizmente, está bem tranquilo, que Deus guarde a Mary, e a espinha (a figurativa, pelo menos) está ereta. Mas o pecado do orgulho pela filha, desse eu não me livro.
Quatorze Juillet, deux mille vingt-cinq.






Fernanda merece o pai que tem, que merece a filha que tem. Isto se chama família feliz.
Lindo e verdadeiro texto. Fernanda é genial em tudo na vida. No estudo, na maternidade, no amor! .
Esse pai incrível sabe fazê-la mais feliz ainda!
Sérgio,
Você pecando de orgulho na terra, Sueli te repetindo na nuvem, que menina de 50 anos pode ser mais feliz que a Fernanda?
O abraço de sempre, carinhosamente antigo
Vivina
Parabéns e muitas merecidas alegrias para você, Fernanda! Felicidades sempre!