Lembram-se do Mappin e da Mesbla?

Loja que seria das mais conhecidas em São Paulo, o Mappin abriu suas portas na Rua Líbero Badaró em 1912. Oferecia uma variedade de produtos, de artigos para casa a roupas. Muitos anos depois, ocupou um prédio na Praça do Patriarca, com vistas para o Viaduto do Chá.

Tudo muito bem, até que um grande incêndio destruiu boa parte do prédio. Com as sobras de mercadorias, a loja anunciou a “queima total do estoque”. Preços baixíssimos. Nos anos seguintes, na mesma data, a liquidação era esperada pela clientela que chegava a disputar mercadorias.

Por fim, o Mappin atravessou o Viaduto do Chá e se instalou na Praça Ramos de Azevedo, à frente do Teatro Municipal, esquina com rua Conselheiro Crispiniano. Mais tarde, veio com uma inovação pioneira e irresistível. A venda a crédito. Durante os tempos seguintes, a clientela cresceu tanto que a loja passou a ocupar dois prédios vizinhos na rua Conselheiro Crispiniano, com improvisados acessos entre eles.

No edifício principal, os elevadores paravam em cada andar, os condutores abriam a porta e anunciavam: “Cama, mesa, banho”. Mais um andar, “Eletrodomésticos, roupas, calçados”, e assim iam. Em tempos de Natal, havia fila à frente dos elevadores.

Em um dos andares ficava o renomado Salão de Chá. A clientela era na maioria de senhoras que aproveitavam a ida à loja para um agradável momento social. Que, em certos dias, incluía desfile de moda.

A dois quarteirões do Mappin, na Rua D. José de Barros, surgiu na década de 1930 a loja de uma empresa francesa que teria 180 unidades no País, a Mestre Blatgé. Esse nome durou pouco. Foi logo abreviado para Mesbla. A primeira loja surgiu no Rio, e logo se transformou em empresa independente.

Em São Paulo, a Mesbla era uma loja de departamentos, como o Mappin. Suas vitrines mostravam-se um pouco mais sofisticadas do que as do concorrente. Além disso, a empresa era pródiga nas campanhas publicitárias, com catálogos coloridos e outros recursos.

Em épocas natalinas, um Papai Noel esperava pelas crianças da clientela. Elas sentavam-se no colo do bom velhinho, para serem fotografadas. As fotos seriam uma boa recordação, para encanto das famílias. Mas o tempo passou, o número dos que possuíam carro disparou e não havia onde estacioná-los nas proximidades das duas lojas. E… surgiram os shopping centers, com seus amplos estacionamentos, grande variedade de lojas, bons restaurantes.

O Mappin e a Mesbla viviam sua decadência, em 1966, quando um empresário, Ricardo Mansur, comprou a primeira empresa; e no ano seguinte a outra. A esperança de um renascimento terminou em 1999 na cova comum da falência.

Esta crônica foi originalmente publicada no blog Vivendo e Aprendendo, em 22/12/2024, 

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