A gravidez da Suely não foi muito tranquila. Eu me lembro quase como se fosse hoje de um dia em que ela não se sentiu nada bem, e eu precisei pedir uma orientação para o ginecologista dela. A gente tinha mudado fazia poucas semanas do apartamento pequeno na Rua Bela Cintra para o maior na João Moura, em Pinheiros. Desci e fui correndo, apavorado, o coração na mão, para o orelhão que ficava junto da padaria, na esquina da João Moura com a Teodoro Sampaio.
Havia uma pessoa falando no orelhão.
Precisei esperar que ela desligasse para, enfim, conseguir falar com o dr. Marco Aurélio, o assistente do dr. Décio Noronha – a dupla que ajudou a Suely a me dar minha filha. A mim e ao mundo.
Não me lembro mais, é claro, o que o dr. Marco Aurélio prescreveu; sei que o mal-estar da Suely passou, é claro.
Sequer me lembro se era um homem ou uma mulher que falava no orelhão.
Mas me lembro perfeitamente da aflição que passei naqueles minutos absolutamente infindáveis, eternos, entre sair correndo do apartamento da João Moura até finalmente conseguir falar com o médico, no orelhão da Teodoro. Da aflição, da raiva, do quase desespero.
Ao contrário do Lula, não tenho saudade dos bons tempos da Telebrás.
Nem um mínimo pingo de saudade.
28/8/2024
Também não tenho a mínima saudade dos preços de uma linha telefônica.
Por muitos anos, o programa do Jo Soares ( Viva o Gordo) teve um quadro que relatava essa situação. Todos sofriam.
Tempos doloridamente inesquecíveis, Sergio!
Bj