Os debates são importantes, é claro, é óbvio. Os debates são a democracia em ação, como diria Fernando Mitre, o diretor de jornalismo da Bandeirantes, um dos melhores jornalistas e das melhores pessoas que já tive a honra de conhecer na vida. É bem verdade. Meu, mas como são chatos!
Os debates são fundamentais – mas, diacho, será que há alguém que muda de opinião por causa de um debate?
Me lembro de uma vez na vida ver a torcida do Corínthians aplaudir um palmeirense. Foi num jogo entre os dois times, no Pacaembu, nos anos 70. Ademir da Guia fez uma jogada tão absolutamente sensacional que, diacho, não teve jeito: nós todos aplaudimos.
Foi, seguramente, uma das poucas vezes em toda a História do Mundo que aconteceu algo assim.
As pessoas vêem os debates na TV da mesma forma com que os torcedores enxergam um jogo de futebol. Elas não estão lá para assistir placidamente a uma apresentação de ginastas artísticas numa Olimpíada distante de que não participam atletas de seu país. Estão lá para torcer.
Debate de candidato na TV não é um exercício de lógica, de racionalidade. É torcida. É Fla-Flu. Corinthians-Palmeiras.
Só as próximas pesquisas sérias – do Datafolha e do Ipec, em especial – vão dizer se o debate do pool Bandeirantes-TV Cultura de São Paulo, Folha de S.Paulo e UOL – mexeu alguma coisa.
Sou capaz de apostar que não, não mexeu nada.
Quem era lulo-petista achou que Lula deu um show. Quem é reacionário, amante de ditadores e torturadores, achou que o Bozo foi brilhante.
Euzinho, que tenho profundo, profundo desprezo por populistas e, mais que isso, não aguento a cara e voz de Lula e Bolsonaro, e chego a ter ânsia de vômito diante daquelas patéticas figuras, tive diante do debate exatamente a mesma reação de qualquer lulista e/ou bolsonarista. O debate reforçou o que eu sempre achei. Tive a absoluta certeza de que Simone Tebet, Ciro Gomes, Luiz Felipe D’Ávila e até mesmo aquela Soraya de sobrenome complicado seriam opções muito melhores do que os dois já testados, conhecidos, aqueles dois horrores.
Em 1989 tivemos Mário Covas, Ulysses Guimarães e Leonel Brizola – e elegemos Fernando Collor. Já tivemos José Serra candidato, possivelmente a pessoa mais preparada para o cargo – e elegemos Dilma, aquela absoluta nulidade.
Hoje, velhinho, tenho poucas certezas na vida. Algumas delas: 1) Imensa parte dos brasileiros de fato não sabe escolher. 2) Se houvesse um segundo turno entre Lula e qualquer outro que não fosse Bolsonaro, eu votaria no outro. Se houvesse um segundo turno entre Bolsonaro e qualquer outro que não fosse Lula, eu votaria no outro.
29/9/2022
Diacho!